Inclusive, saudades (III)

Inclusive, saudades (III)

Inclusive, saudades...

Eu não esperava que houvesse o amor. Em tempos de flerte via Redes Sociais eu só queria um “Amei”. Também não esperava romance, mas foi tudo tão romântico que a ideia inicial de deixar passar, de num apegar, foi por água abaixo antes que desse tempo de a gente se tocar.

Nem sei ao certo em que ponto dessa história realmente me apaixonei por você. Se foi quando a vontade de te mandar mensagens pra dizer que tava com saudades começou a incomodar, causar tremedeira, aquele frio na barriga que me dá vontade de vomitar. Ou na manhã em que você soltou “Oi” de surpresa, quebrando um gelo cuja existência é quase inacreditável depois de tanta troca de calor humano. Talvez no dia em que percebi que quem antes me causava tanto interesse tinha parado de trazer emoção, não acelerava mais o coração. Quiçá no momento em que chorei achando que estávamos nos despedindo pela última vez, ainda que já desejasse as vezes seguintes que tivemos, ou as poderíamos ter tido…

Não… Não foi em nenhuma dessas. Eu me apaixonei uns dias mais cedo, no instante em que outras lágrimas teimaram em cair dos meus olhos, tamanha era minha alegria em te ter comigo. Cheguei a virar o rosto pra escondê-las, para que você não as percebesse e interpretasse mal. Não por dor, tristeza, de forma nenhuma: era um dos maiores estados de euforia que já experimentei na vida. Na verdade nesse momento meus sentimentos criaram raízes, porque eles foram plantados ainda antes, no primeiro sorrisão que você soltou ao me ver, seguido de um abraço que não parecia pertencer a recém conhecidos, mas velhos amigos. Ou até velhos amores… Abraço esse que ficou tão, tão marcado em mim que despertou essa vontade maluca de deixar o “E se?” pra trás e transformar num “Sim!” que é tão difícil de se ouvir vindo de mim. Só que dessa vez, ai, fiz questão de dizer, e foi gostoso como um doce de leite (que a gente tanto adora)!

É meio engraçado em como sou repetitiva ao falar do seu olhar mutante, e não tinha parado pra pensar em como nossa história mudou o meu. Em como passei um período de risos vazios, dados apenas com um movimento de lábios, e sua presença tão breve me devolveu o real sorrir. Aquele que surge não somente com a boca, mas principalmente com o brilho radiante nos olhos. Com pupilas chegando ao seu ponto mais dilatado, extasiado. Existem tantas coisas que se transformaram por aqui desde então que não posso, não quero e não dá pra voltar atrás e ser quem era antes. Apesar de ter quebrado várias vezes, por diversas razões, os pedaços partidos conseguem ser mais completos do que naquela época em que eu era inteira.

Acho que eu devia te agradecer por isso. Entre tantas outras coisas.

E, sabe… O romance foi maravilhoso, ainda mais pra quem claramente lutou pra não sentir e ainda assim se apaixonou. Porém agora, na linha de chegada do meu trem de sensações desgovernadas, é hora de admitir (até pra mim, mesmo) que um pedacinho aqui dentro queria além do Amei, o amor.

Inclusive, saudades… Sempre, saudades!
Maresia

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  • Váh

    Que texto bonito, mas triste 🙁
    É foda essas coisas, é foda o amor em tempo de redes sociais, é foda isso de muita opções e nada certo, nada sério. Pensar nisso me causa uma grande aflição 🙁

    https://heyimwiththeband.blogspot.com/

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  • Rebeca

    Oii!! Parabéns pelo seu blog e a sua forma de escrita. Eu gostei muito como você encaixou o final do texto com o início. Encontrei no seu texto bastante sentimento e pensamentos aleatórios que passam na nossa cabeça quando queremos que esse amei vire amor. Parabéns. Beijos

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  • Gislaine Motti

    Oi, Luly! Tudo bom?
    Ainda estou digerindo sua postagem. Tentando entender como tantos sentimentos podem terminar na saudade, querendo saber mais sobre essa história, sobre o desenrolar… Só me fala que eles ficam juntos no final, porque acho que meu coração não aguentaria tamanha desilusão! Enquanto isso, só posso torcer para que o calor do abraço não permita que o vento frio da solidão sopre.
    Literalize-se

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  • Livia

    Lully! Que texto mais lindo, que escrita mais gostosa! Tão profundo em sentimentos, tão cheio de vida… Parabéns pela escrita!

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  • Vickawaii

    Que lindo o texto. Fiquei bem tocada e tristinha hehe. Início de relacionamento é sempre cheio de amei, o problema é como ficar o amor depois. É claro que aprendemos com cada pessoa, cada relacionamento tem seu valor e blablabla, mas eu acho muito triste quando esse sentimento muda ou não corresponde as expectativas

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  • Renata

    Oi Luly!
    Como não amar esse texto que, mesmo sendo pequeno (olha a pessoa que ama calhamaços…) tão cheio de detalhes e que faz a imaginação fluir… correr por memórias, imaginar momentos, lugares e sentimentos sentidos. É sempre um misto de nostalgia e de fazer pensar em como algumas coisas não precisam ser explicadas, mas só sentidas.
    E, de saudade, pode até doer, mas se tem saudade, é porque tem amor, carinho e sentimento bom. Gosto de saudade, ainda que seja ferroada, só sente quem tem sentimentos, não é?
    Adoro sempre ver seus textos aqui, acho que já disse, mas melhor pecar pelo excesso! 😉
    xoxo

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  • Luana Souza

    Lly, que texto mais lindo. Não sei se ele tem alguma relação com a conversa que a gente teve há um tempo, mas, mesmo assim, eu consegui sentir tudo que você quis descrever com essas palavras. Acho tão maravilhoso as pessoas que conseguem organizar os pensamentos e transforma-los em palavras, textos, crônicas… a minha cabeça é quase sempre tão bagunçada!
    Esse seu relato me fez lembrar das coisinhas que você me disse, e eu juro que tenho tentado praticar, lembrar que, às vezes, uma experiência, mesmo que curta, pode nos transformar de maneiras inimagináveis! <3

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  • Amanda

    Caraca 😮 comecei a ler e achei que estava lendo uma história dessas de livro mesmo. Você escreve muito bem e consegue passar muito sentimento através das palavras. Parabéns pelo talento!
    Beijos,

    Amanda

    http://www.amandasoldi.com

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  • Mariana

    Como sempre um texto delicioso. E leve.
    “pedaços partidos conseguem ser mais completos do que naquela época em que eu era inteira” porque chão é sempre escola. Li hoje no instagram de alguém. E como diz meu querido Paulo: viver suja as mãos. E o viver é o próprio “sujar”. Então que em seus sorrisos transborde a alegria da sua alma. Um dia consegui capturar esse momento. Da menina entre os panos, no cantinho do stand. E como ela é linda! Não tenho visto aqueles olhos. Por isso desejo que seu coração esteja aberto para o momento em que o amor fecundar num coração também aberto. Eu torço por tudo. Seus livros, seus sorrisos e seus amores. Que você, seja você sol ou girassol, seja feliz como o Rilakuma (que não sei como se escreve mas sei como dança). Inclusive, saudades!

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