Remember Universitário: 4 ou 5 anos que passam voando

Remember Universitário: 4 ou 5 anos que passam voando

Quando criei a tag “Remember Universitário” aqui no blog 9 anos atrás, com o objetivo de relembrar meu processo como universitária em contagem regressiva para a formatura, eu tinha em mente publicar, no dia da defesa do meu TCC, um post intitulado 4 ou 5 anos que passam voando para expressar como estava me sentindo naquele dia. Nem era pra ser o último, não necessariamente, mas o mais marcante entre vários que seriam escritos, o momento em que a gente “bate o martelo” oficializando o fim da jornada. Ironicamente eu estava 100% errada porque nada disso que eu descrevi agora aconteceu de fato.

Ou talvez devo dizer que nada do que eu planejei para minha jornada acadêmica aconteceu de fato! Fiz vestibular para Design Gráfico, acabei entrando no curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis. Ingressei na faculdade com o intuito de passar apenas dois anos e enfim mudar pro design, acabei amando e decidindo ficar. Uma vez que ficaria, pensei que as áreas que mais me interessariam seriam a restauração de pintura e escultura, acabei só trabalhando com papel, apaixonada por ele e seguindo todo mundo caminho nisso, quase do início e até o fim. Jurei que não atrasaria nada e formaria em 4 anos contadinhos no calendário, na metade já sabia que pra fazer estágio e todas as disciplinas que queria teria que estender pra 5 sem nem exitar. Aceitei que formaria no fim de 2012, e não de 2011, mas uma greve veio e adiou ainda mais.

Até aqui, porém, tudo bem, os males vieram pra tornar a coisa melhor. Teve matéria trancada que saiu bem feita com uma dose extra de maturidade nas costas, volta pro segundo estágio no lugar favorito de se trabalhar bem naquele momento que não poderia fazer se já estivesse formada, amizades com a turma que veio depois da minha que contribuíram loucamente pro crescimento mútuo, por aí vai. O TCC também entrou no pacote dos caminhos em que a gente entra sem querer e sai melhor que entrou… Todo um plano de me aprofundar na parte química da restauração de documentos indo por água abaixo pra dar lugar a uma gravura duplamente histórica que me dava a chance de ter como orientadora a professora com a qual tinha mais memória afetiva no curso, pô! Que último ano dos sonhos é esse, Luly? Não pode ser real!

Mesmo com a greve, o trabalho foi finalizado, véspera de natal e a gente lá, restaurando sem parar. Tive uma alergia BIZARRA no meio do caminho, fiz minha viagem de campo com a orientadora toda vermelha, mas foi gostoso e nem um engarrafamento de horas na volta estragou nosso clima. Preciso confessar que a defesa foi meio bosta, ainda bem que não escrevi o post da época porque ia extravasar uma boa dose de revolta aqui, mas agora, visto de longe, nem isso importa mais. A colação foi pura emoção, aplaudida de pé por todo mundo, até os primeiros meses de formada seguiram no sucesso total com clientes e algumas oportunidades em vista. Passei num concurso no ano seguinte pra dar aula na minha área, mais um sonho sendo realizado, e foi nesse ponto que a coisa começou a desandar.

Nem vou me aprofundar no que rolou, não, porque o foco aqui é a faculdade em si e tô passando super o carro nas frentes dos bois. A questão é que, por muito tempo, achei que tinha jogado fora aqueles 4 ou 5 anos de vida fora estudando algo que eu amava, mas não teria participação nos bons frutos que surgissem na minha vida. Meu grande mantra “conhecimento não ocupa lugar no espaço”, onde afirmo que todo aprendizado vale a pena, parecia uma grande balela sem sentido até pra mim mesma. Mas, cara, como eu estava enganada! Acho que exercer o que a gente já sabe fazer fica tão natural que acaba se tornando banal, né? E eu estava ali, aplicando o que minha formação me ensinou, tanto no trabalho em uma área nada a ver quanto no pessoal, até em presentes que produzia pras pessoas.

Com o tempo isso ficou ainda mais forte, retomando minha jornada acadêmica nas artes mesmo fora da restauração (ó o Vênus em Arte aí que não me deixa mentir), mas pensando bem sinto que foi forte o tempo todo. Foram 5 anos que sim, passaram VOANDO, mas ainda estão 100% vivos na minha mente mesmo que já tenham acabado há quase uma década – e só fui perceber isso agora. Cinco anos transformaram uma adolescente com carinha de criança em adulta, por dentro e por fora. É até risível pensar que um marco de início de vida pra mim significava fechamento, mas quem sou eu me julgar alguém que era há tanto tempo atrás, né? O que importa é que agora eu sei que, na verdade, conhecimento ocupa espaço sim, muito espaço: ele PREENCHE a gente de um jeito nada mais consegue.

Que bom que permiti que a conservação-restauração me preenchesse também, em definitivo, sem ter como tira-la de mim não importa pra onde eu vá. E melhor ainda que criei esse Remember Universitário, que não saiu como planejado, mas não vai me deixar esquecer disso justamente podendo sempre relembrar!

Esse post faz parte do Especial 17 Anos de Sweet Luly, que serão completos em 26 de junho de 2021, onde estou escrevendo um texto para cada ano de vida do blog. Esse é o nono, referente a 2012.

Remember Universitário: 4 ou 5 anos que passam voando | Dia 09 do Sweet Luly Especial 17 anos: posts dedicados a cada ano de vida do blog ao longo de junho de 2021!

Esse é o quinto (e último) post de uma série nostálgica sobre meus 5 anos como universitária, que acabaram em março de 2013. De lá pra cá muita coisa aconteceu fora da área de conservação-restauração por aqui, mas outras dentro dela também, então vale a pena relembrar o quão foi bom o trajeto. Todos os posts podem ser lidos na tag Remember Universitário.

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  • Dai Castro

    Awn essa Luly com carinha de bebê na foto!!
    Os anos de faculdade de um jeito ou de outro nos marcam bastante, né?
    Mesmo hoje estando atuando um pouco longe da minha formação, não posso negar que a bagagem de fazer uma faculdade mudou muito a minha pessoa, inclusive o cansaço e perrengues do TCC.

    Muito legal relembrar!
    Um beijo!

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