Quando assisti Paul McCartney em Belo Horizonte na turnê One on One, em 2017, fiquei com muita sensação de sonho realizado. Foi um corte de check list, quase, um “esse aqui já foi”, me “autorizando” a focar esforços (e grana) em outros shows almejados. Aí saiu o anúncio de que ele voltaria no fim de 2023, dessa vez com o adequadíssimo título “Got Back”, e fiquei 100% em paz com a ideia de não ir, principalmente porque já tinha comprado ingressos pra assistir Roger Waters um mês antes e haja salário pra isso tudo, né? A vida, porém, às vezes prega na gente uma peças gostosas e me vi cara a cara com uma promoção que dava 60% DE DESCONTO na segunda apresentação das duas que rolariam por aqui… Pô, não dava pra ignorar! Escolhi o setor mais baratinho de todos e fui viver essa emoção mais uma vez!
Sete anos se passaram e uma coisa não mudou: as apresentações do Paul são um espetáculo que precisa de uma palavra nova pra definir, “show” não é suficiente. É tudo grandioso, só alguém com tantas décadas de experiência, sem interrupções e vindo de uma das maiores bandas da história pode oferecer, mesmo. Vídeo de introdução com todos os detalhes possíveis da sua história, três horas de duração, uma variedade de instrumentos sendo tocados, tudo aos 81 anos de idade, sem intervalo. A setlist é uma mistura equilibrada e certeira de Beatles, Wings e a carreira solo, com direito a um pedacinho do começo de tudo: The Quarrymen! Ouvir “In spite of all the danger” ao vivo é uma emoção sem igual para qualquer fã do nosso quarteto de Liverpool, mas definitivamente não é a única, né? Como sempre, “Something”, “Hey Jude” e “Live and let die” me encheram de lágrimas!
No quesito organização, foi um exemplo a ser seguido, também. Como atleticana “não praticante”, era minha oportunidade de conhecer a Arena MRV, nova casinha do Galo, e não gostei nem um pouco do layout, localização, nada, sendo bem sincera. Mesmo assim, a sinalização indicava quem deveria ir pra onde e tinham MUITOS funcionários, MESMO, para ajudar na orientação e demais demandas. Nunca vi algo igual, era impossível não reparar, de tão exemplar. Foi bem fofo porque rolou também distribuição de flyers de conscientização sobre a redução do consumo de carne, já que o Paul é vegetariano, e de copinhos de água, independente do setor, tinha para todo mundo. Como foram duas apresentações na cidade, essa segunda não estava tão cheia, então não peguei fila pra nada e foi super tranquilo achar um lugar legal na plateia, lá de longe a visão era boa e o som nem preciso dizer, perfeito!
“Well, the rain exploded with a mighty crash
As we fell into the Sun
And the first one said to the second one there
I hope you’re having fun!”
(Band on the run – Paul McCartney & Wings)
Música é a arte que mais gosto de consumir, de todas – e pra uma escritora que trabalha com artes visuais isso não é pouca coisa -, esse tipo de evento é mais que experiência na minha vida, é investimento! Claro que, com esse gosto musical engessado, cheio de homens velhos britânicos, eu acabo dando uma ou outra viradinha de olho quando uma bandeira “errada” aparece no telão, por exemplo, mas sei que sou política demais, também, pra maioria isso não importa. No fim, sir Paul McCartney compensa de outras formas, não só musicalmente, mas nos cuidadinhos, tipo os regionalismos nas falas que amo! Desde o “só um cadinho”, mais mineiro impossível, até o agradecimento que repito sem parar cada vez que ele terminava uma música… VALEU, SÔ!