Os 7 de Chicago (The Trial of the Chicago 7)
Elenco: Eddie Redmayne, Alex Sharp, Sacha Baron Cohen, Jeremy Strong, John Carroll Lynch, Danny Flaherty, Noah Robbins, Yahya Abdul-Mateen, Mark Rylance, Ben Shenkman, Joseph Gordon-Levitt, Kelvin Harrison Jr., Frank Langella, J.C. MacKenzie, Michael Keaton, Kevin O’Donnell, Tiffany Denise, Alice Kremelberg Bernadine
Direção: Aaron Sorkin
Gênero: Drama histórico
Duração: 129 min
Ano: 2020
Classificação: 16 anos
Sinopse: “Baseado em uma história real, os 7 de Chicago acompanha a manifestação anti-guerra do Vietnã, que interrompeu o congresso do partido Democrata em 1968. Ocorreram diversos confrontos entre a polícia e os participantes. Dezesseis pessoas foram indiciadas pelo ato.” Fonte: Filmow.
Comentários: Indicado às categorias Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Sacha Baron Cohen), Melhor Roteiro Original, Melhor Canção Original, Melhor Fotografia e Melhor Edição do Oscar 2021, que acontece hoje à noite, Os 7 de Chicago é um filme original Netflix baseado no caso jurídico real de mesmo nome, ocorrido nos Estados Unidos durante a década de 1960, e essa temática é a primeira coisa que deve ser destacada pois dita bastante o ritmo do longa. Superficialmente é o que podemos dizer sobre ele, o fato de que é um filme de tribunal, o que para pessoas que não têm nenhum interesse no assunto pode ser massante… Por outro lado, ele tem tantos aspectos positivos dentro e fora do cenário principal, em especial no que diz respeito à mensagem, que antes mesmo de prosseguir a dica é simplesmente que ASSISTAM!
Mas antes… Senta que lá vem história! Os Sete de Chicago eram um grupo de ativistas de diversas organizações de esquerda, sendo eles Tom Hayden, Rennie Davis, Abbie Hoffman, Jerry Rubin, David Dellinger, John Froines e Lee Weiner, acusados pelo governo dos Estados Unidos de conspiração por estar engajados nos protestos contra a Guerra do Vietnã em Chicago no ano de 1968. Inicialmente eram oito réus, os “Conspiracy Eight”, mas Bobby Seale, líder dos Pantera Negras, teve seu julgamento interrompido durante o processo.
De cara o elenco monstro é um atrativo pesadíssimo para o público de modo geral. Apesar de Sacha Baron Cohen como Abbie Hoffman e Joseph Gordon-Levitt no papel do procurador Richard Schultz serem os reais destaques, cada um representando fortemente um “lado” do processo, eu tenho um “trem” com o Eddie Redmayne (para não dizer “crush, hahaha) que me fez voltar todos os olhares para ele enquanto interpretava Tom Hayden, uma figura bastante conhecida seja pela carreira política ou pelo longo casamento com a atriz Jane Fonda. Está, como sempre, muito maravilhoso, mas não seria certo dizer que se destoa por isso porque é um show atrás do outro, de verdade. A maneira como os personagens são apresentados, mostrando seus métodos e intenções, em como todos foram parar “no mesmo barco” é muito bem montada, os cortes são pertinentes e isso se estende em toda sua duração.
É claro que a maior parte da história se passa dentro do tribunal, mas isso de forma alguma o torna entediante. Os diálogos misturam mensagens relevantes (falaremos disso a seguir), etapas do processo e… HUMOR! As piadas de Abbie Hoffman, que aconteceram de verdade, cortam o clima pesado sem deixar a coisa boba, as sacadas são pertinentes e inteligentes demais. Fora isso existem as cenas externas, colocadas durante o enredo para explicar como as coisas chegaram no ponto da trama central, e possuem essas mesmas características de falar do sério e do divertido, mas jamais do irrelevante. O vai-e-vei não é confuso, muito pelo contrário, esclarece nossa mente, denuncia hipocrisias, conecta quem assiste com quem está na tela. O slogan dos protestos era “O mundo inteiro está assistindo”, e agora eles voltam pra nossa vida como forma de entretenimento, numa plataforma global, para reforçar essa ideia.
Leia também: Resenha do filme A Voz Suprema do Blues, também indicado a diversas categorias no Oscar.
Não por acaso, o lançamento do filme aconteceu logo antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos, justamente para lembrar que o que já aconteceu segue acontecendo e determinando o presente – não só por lá, mas aqui também. A parcialidade escancarada de Julius Hoffman, completamente inadequada no seu papel de juiz, a fragilidade do estado democrático ao não aceitar a oposição, a violência policial transformada em algo cotidiano e até que ponto as pessoas se sentem confortáveis ao lutar contra isso, na teoria e na prática. É incrível ver como o (suposto) radicalismo de alguns se complementa com academicismo de outros, tornando ideais, juntos, bem mais fortes. Como qualquer produção estadunidense, a necessidade de mostrar “heroísmo” naquelas figuras históricas acaba criando um desfecho muito mais dramático e emocionante que a realidade, mas o recado foi dado, e não tem como ser deletado mais agora!
roseli pedroso
Vou anotar em minha lista para assistir. Valeu!
Mari
Esse filme é muito bom retrata um momento extremamente parecido com o que estamos passando agora, demonstra como o preconceito e o racismo estrural estão enraizados na nossa sociedade falida.
Camila Faria
Eu gostei muito do filme também Luly. A história é pesada, mas necessária demais para o contexto político atual e tem muito humor, o que é maravilhoso! Interpretações irrepreensíveis também. Beijo, beijo :*