Nana foi a primeira amiga que tive na vida. Permanece sendo, o que a torna a mais antiga também. É aquele negócio, a mãe dela estudou com meus pais na faculdade, na década de 80, depois de um tempo de casados nasci em julho de 90 e ela no mês de março seguinte… Menos de um ano separa nosso nascimento, era inevitável que fosse assim, e ainda bem. Quando tínhamos 4/5/6 anos, as duas morando no Vale do Aço, dançamos muito Mamonas Assassinas, aprendemos a dar cambalhotas, minha irmã deu seus primeiros passos na casa dela. Aí um período afastada porque ela mudou pra BH até a pré-adolescência quando mudei também, pronto, nos tornamos inseparáveis. Criamos nosso primeiro blog juntas – olha eu aqui, 16 anos depois, ainda blogando -, arrumamos desculpas pra uma ir à escola da outra conhecer os respectivos crushs, viajei com a família dela nas férias do meio do ano. Depois rolou uma separação, aí não rolou mais, não sei precisar muitos momentos mas, ei, somos amigas, é isso que importa. E agora, vai fazendo um mês já-já, Nana e Thiago iam se casar.
Digo “iam” não porque desistiram, mas porque nossa história aconteceu antes disso acontecer. De fato eles se casaram, com cerimônia e papel passado, caramba, desatei a chorar. Casalzão mesmo, sabe(?), daquelas duplas que se merecem no melhor sentido, que dá orgulho ser amigo só pra ver os dois no altar. Trocaram votos, isso e aquilo, mas enfim, tô me desviando do assunto, ‘bora voltar.
Agora imaginem vocês o que senti quando recebi o convite desse casamento e percebi que ia ter que faltar. Pedi desculpas, pô, mó sacanagem, “Que pena, Luly!”, mas tinha despedida de solteira dela e dessa ia poder participar. A levamos de véu e tudo, na maior animação, ironicamente num bar onde eu mesma sempre digo que adoraria me casar um dia, e ela até sabia disso. A essa altura já tinha visto a última prova do vestido, ajudado a montar caixas de bem casado, tudo pra participar ao máximo, quando a mãe dela veio com ideias que me possibilitariam ir à festa assim, de última hora. A despedida então foi mais gostosa ainda, não era mais um modo de compensar minha ausência, não, virou só o primeiro de uma série de dias de comemoração. A gente tava lá na fila, esperando pra entrar, quando a noiva avisa “Pera, gente, vou ao banheiro”, e até aí tudo ok, tinha muita cerveja pela frente, tava certíssima em se preparar. Foi quando ela botou a cabeça pra fora gritando “Eu vou demorar” e eu e suas madrinhas já presentes trocamos olhares desconfiados, bem, aconteceu alguma coisa, melhor ir lá.
“Deixa que eu vou!”
A história foi a seguinte: coisas de noiva, né? Meses de preparação, olhando isso, pagando aquilo e, sim, deixando o cabelo crescer pra fazer um penteado batuta. Nana já tinha ultrapassado seu limite em nome dessa prática. Eis que ela tava lá, reclamando do calor causado pelo cabelão quando uma moça foi elogiá-lo e soltou “Quer que eu faça uma trança em você?”. Cheguei ao banheiro e estavam as duas lá, dando-e-recebendo uma trança embutida de presente para e de uma completa desconhecida. Não tinha nem um elástico pra prender no final (depois a gente conseguiu!), mas o que importa é que o momento rolou, assim, de repente mesmo, pra imensa alegria da nossa noiva. E digo “nossa” porque, vejam bem a coincidência, a moça em questão também estava prestes a se casar, compartilhando empolgações e tudo mais.
A noite foi rolando e depois de um temaki, um vocalista de banda bonito, uma das músicas da trilha sonora do meu livro e sabe-se lá quanta bebida, Nana já tinha repetido essa história pra todas as presentes até chegar de novo em mim, pra falar que, bem, olha como é legal receber essas gentilezas aleatórias da vida. Aí completou com “Eu queria escrever sobre isso pras pessoas saberem que aconteceu. Na verdade VOCÊ devia escrever sobre isso porque faz isso melhor do que eu”.
Taí, escrevi!
Não sei se você está se perguntando isso agora, mas eu já vou respondendo ainda que não: a trança durou a madrugada toda. Voltamos pra casa quase 7, é, da manhã, e ela ainda tava lá, firme e forte. No casamento, dois dias depois, não teve trança, não, mas teve eu colocando MUITOS grampos extras no topetinho que fiz no meu cabelo porque “vai que a gente precisa de grampo por lá”. Nem preciso dizer quem refez o penteado da noiva, que despencou rapidinho e diversas vezes, enquanto a festa rolava transformando tarde de sol em noite de chuva… Bom saber que essa união contou com todos os auxílios capilares que nem achava que ia precisar.
O causo da trança topei escrever, mas os votos da noiva, confesso, me recusei a revisar. Os recebi antes de todo mundo, pra “dar uma melhorada”, já comecei a soltar as primeiras lágrimas e resolvi que não, não tinha nada o que melhorar ali. Falar de um ato de gentileza randômico é simples, mas expressar amor que nem aquele? Eu sou escritora, crio sentimentos, mas quando se trata de sentimento já criado e reconstruídos ao longo do tempo… Não precisava de nada meu, era tudo deles. Ficou do jeito que tava, mesmo, simplesmente não podia ser de outro, foram as palavras lindas dela que a gente ouviu e vai sempre se lembrar!
Samara Silva
Gostei bastante do artigo de hoje, sempre estou aqui acompanhando seu blog. Tenho aprendido muitas coisas legais aqui e te agradeço por compartilhar…
Beijos ?.
Meu Blog: Melhores Dicas Online
Samara Silva
Gostei bastante do artigo de hoje, sempre estou aqui acompanhando seu blog. Tenho aprendido muitas coisas legais aqui e te agradeço por compartilhar…
Beijos ?.
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Vanessa Brunt
Que poesia mais linda que a trança formou nesse relato cheio de metáforas sobre a vida. Que sensibilidade! Amei <3
http://www.semquases.com
Min
Ah, que o amor entre grandes amigas seja como a trança, que dure! <3
E imagino a emoção desta fase de casamento dela, demais!! ^^
Beijão, Min
Ane Carol
É tão legal ver relatos sobre como a amizade pode durar anos ainda que passe por obstáculos e ver como coisas assim estão se perdendo. Seu texto me vez pensar nas pequenas gentilezas que surgem em nosso caminho quando a gente menos espera.
Anna Caroline
Que lindo o seu texto. Amizade verdadeira e coisa de outro mundo né? E um conexão que você leva para vida inteira. Lendo seu texto lembrei de alguns momentos que vive e que hoje são muito especiais para mim.
Amei!
Beijos
Rubyane
Que lindo! Eu amo ficar vendo relatos sobre melhores amigos, deixa o coração sempre quentinho ?
Você escreve muito bem, aliás, não dá vontade de parar de ler.
Malu Silva
Ai, tão bom ver um casalzão se juntar <3 Adorei você ter compartilhado essa experiência aqui, e a foto foi o melhor toque final, hehe
Ana Carolina Domingues
Quando estamos em uma vibe boa todo o universo conspira ao nosso favor e assim vai surgindo pequenos encontros que servem de histórias para guardar, contar e sempre relembrar
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Camila Faria
Ah, que história linda Luly! Suas palavras me deixaram emocionada, meu coração se encheu de amor. Vontade de apertar bem apertado as melhores amigas. <3