Garota do laço cor-de-rosa

Garota do laço cor-de-rosa

Garota do laço cor-de-rosa

Ela chegava e tudo nela era cor-de-rosa. A lancheira em suas mãos, as meias cheia de corações, as bochechas eufóricas e o laço enorme que prendia seus cabelos. O sorriso tímido respondia o “Bom dia!” dado pela diretora na porta da escola, e logo em seguida ia em direção ao corredor arco-íris que levava direto pro bê-a-bá. Chegando na sala as novidades se colocavam em dia. “Você respondeu a 3? Eu não sabia o que colocar…”

Era perceptível o carinho com a caixinha em forma de maçã onde seus clipes de papel coloridos ficavam guardados com jeitinho. Aos olhos dos outros seus movimentos soavam lentos, quase irritantes, mas no fundo era só um cuidado, mesmo. Pegava o estojo, abria, tirava um lápis, fechava e guardava de novo, diversas vezes. Por aí vai. Quase não dava tempo de brincar de balanço no recreio, porque sempre tinha alguma coisa na qual ela se atrasava na hora de copiar do quadro negro. Engraçado, agora isso vira risada ao lembrar.

Hoje quase dá pra esquecer quem ela foi, onde esteve, é muita evolução com a qual temos que lidar. Mochilas de bichinhos se tornando bolsas pesadas de um material sintético qualquer. O telefonema pra vovó que agora não pode mais ser feito, partindo em mil pedaços seu coração. A prática de pegar uma flor caída na calçada e colocar nos cabelos deixa de ser divertida e passa a ser mal vista. Tá tudo bem, é o ciclo da vida, e também é normal que alguma essência fique lá. Na professora da escolinha que te adiciona no Facebook, ou num jeito de falar que cisma em não “amadurecer”. No caderno ainda cor-de-rosa ou num adereço de cabelo quase infantil e completamente nostálgico.

Garota do laço cor-de-rosa, que gostoso é ainda te ver em mim!

Esse post foi inspirado na proposta #11 do Creative Writing Prompts, que oferece mais de trezentas ideias legais para desenvolver sua escrita criativa. É o 15º entre os 25 que me propus a escrever até outubro de 2018.

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  • Luana Souza

    Que delicadeza, Luly *-* Comecei a lembrar de quando era criança, e de como ainda tenho umas manis metódicas hehe.
    É legal pensar nessa época com carinho e perceber que ainda temos aquela essência. Muita gente diz que eu tenho de amadurecer e tal, mas não vejo or

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    • Luana Souza

      (o comentário de cima foi sozinho, então vou continuar aqui haha)

      … porque agir de certo modo ou gostar de certas coisas interfere tanto nesse ~amadurecimento. Continuar sendo quem gostamos de ser é mágico 🙂

      Enfim, adorei seu texto e todas as suas palavras. Esse laço da foto é tão lindo *-*

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  • Ana Beatriz

    A gente cresce, mas crescer não precisa significar que temos que abandonar as coisas que nos tornam especiais, que estão guardadas na nossa personalidade por tanto tempo. E principalmente o jeito mais rosa de ver o mundo.

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  • Thami Sgalbiero

    Que nostálgico, Luly! Adorei! Infelizmente a gente cresce né? Nossa, como eu queria voltar pra época em que eu era do jardim de infância de só brincava de colorir ou desenhar. Só resta a saudade mesmo.

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  • Bruna Baez

    Essa frase tocou fundo no meu coração “Era perceptível o carinho com a caixinha em forma de maçã onde seus clipes de papel coloridos ficavam guardados com jeitinho”… me deu uma nostalgia gigante lembrar dessa caixinha, você não tem noção. Parei pra pensar justamente em tudo que ainda vive em mim da “minha garota” que não tinha laço cor-de-rosa, mas muita coisa característica que sou feliz por carregar até os dias de hoje. Beijos.

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  • Larissa

    Que texto mais lindo e delicado Luly, admito que meus olhos aguaram com a frase “O telefonema pra vovó que agora não pode mais ser feito” . Quando era criança eu odiava a idéia de crescer, nunca fui aquela pessoa que achava o máximo fazer 18 anos haha eu queria mesmo é ter 8 pro resto da vida xD mas gosto de saber que sou muito aquela menina de 8 anos hoje em dia, muitas pessoas acham que você tem que largar de ser assim pra amadurecer e esquecem que amadurecimento não tem nada a ver com isso na verdade. O que importa é sermos quem desejamos ser <3 Adorei seu textinho Luly!

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  • Adriel Christian

    meu Deus! quanta fofura em um texto!!! <3

    de vez em quando eu me pego em pensamentos sobre o passado, a época do colegial, minha fase rocker e tals. dá uma saudade daquela fase! infelizmente, a gente cresce, vem os problemas e preocupações. cabe a nós erguer a cabeça e seguir em frente.

    mesmo tudo não estando do jeito que sonhamos, o bom mesmo é pegar toda essa nossa essência e correr atrás dos sonhos com a mesma dedicação e esforço que tínhamos quando pintavamos na escola. 😉

    bjs!
    Não me venha com desculpas

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