Em 2017 minha turma de terceiro ano do Ensino Médio completa uma década desde a formatura, e eu passei esse tempo todo planejando aqui na minha cabecinha um super reencontro da galera em dezembro em alguns dos lugares que comemoramos esse marco na época, todo mundo contando como tá a vida aos “vinte e poucos anos”, rindo daquelas mesmas piadas e se surpreendendo como tudo e nada mudou ao mesmo tempo… Eis que alguns meses atrás, fuçando o Instagram afora, vi uma das meninas celebrando que seu casamento estava chegando já com um bebê a caminho. Minha primeira reação? Sorrir, claro, ela tava linda e sorridente! A segunda? Me preocupar fortemente com isso. Das cinco garotas da sala de onze alunos o saldo era 01) casada, 02) mãe, 03) noiva, 04) noiva E grávida e… 05) eu!
Sim, eu! Sem nenhuma perspectiva de ter a vida encaminhada desse jeito, sem sucesso profissional ou sequer estar fixa num emprego. Sem nenhum feito legal digno de ser anunciado assim, formada num curso que eu amei mas que não trouxe grandes frutos pra mim… Eu que escrevo coisas na esperança de alguém ler mas sem ter essa certeza, cheia de paranoias e problemas na cabeça, que não sabe se vai conseguir pagar tudo o que precisa quando o mês virar e que mora com a mãe por tempo indeterminado porque, infelizmente, é só assim que dá pra ficar. Eu mesma, com vinte e tantos anos nas costas (os “poucos” já viraram “tantos”!) tão diferente do que tinha imaginado que seria quando esse momento chegasse. E essa constatação, somada ao transtorno de ansiedade nosso de cada dia, de repente virou mais uma grande crise na minha mente já preocupada.
Quem tava comigo na hora era um casal de amigos daqueles que eu ajudo a enfrentar várias barras com um ombro pra chorar e alguns conselhos ignoráveis, e que fazem o mesmo por mim mesmo se eu não fizesse por eles. Essa então foi a pauta do dia: como eu não precisava pirar por nada daquilo, porque cada um vive a vida do seu jeito, no seu momento e não tem nada de fracasso em ser de forma diferente um do outro. Lá no fundo da minha loucurinha eu já sabia disso, mas tem vezes que a gente precisa ouvir de outra pessoa pra acreditar, e como nem assim eu conseguia absorver eles soltaram a seguinte pergunta:
“Luly, você queria estar casada, queria já ter filhos?”
Ao que respondi, soltando um suspirinho e com toda sinceridade do meu coração, com um sonoro “Não!”, porque pra mim existem milhares de coisas “na lista” que precisam vir antes, porque sequer acho que eu devia fazer essas coisas tão cedo e porque eu realmente acho que na MINHA vida ainda TÁ CEDO pra tudo isso. E aí isso resolveu a questão, ou pelo menos deveria, se não fossem as pressões da sociedade que, às vezes, nos tornam desesperados para conseguir o que a gente sequer deseja.
Se parar pra pensar, aos vinte e poucos anos você viveu, sei lá, pouco mais de um quarto da sua vida!
Muita água já passou por essa ponte, sim… Mas tem tantas outras ainda por vir que não dá pra ficar surtando com isso. Nesse processo muitas vezes seus maiores feitos não aparecem em fotos nas redes sociais ou conversas de telefone, ou até aparecem e são ofuscados pelos feitos dos outros, e isso não quer dizer que eles não estão ali, fazendo diferença. Às vezes ninguém fica sabendo daquela pessoa que você ajudou, daquela conta monstruosa que você pagou, daquela coisa que você lutou tanto pra comprar e conseguiu… É, nem todo mundo sabe do dia que você brilhou no trabalho, da manhã que você conseguiu sair de casa mesmo que tenha acordado com o pé esquerdo, de qualquer porcaria com defeito que você consertou mesmo sem entender do assunto.
Meus colegas de escola não sabem do concurso público que eu passei, dos eventos que ajudei a organizar, do livro que escrevi, das mensalidades da faculdade da minha irmã que paguei. Eles não sabem das coisas que eu aprendi a fazer sozinha, das lágrimas que derramei quando machucaram alguém importante pra mim, ou dos beijos incríveis que rolaram na minha vida umas semanas aí atrás… E sabe do que mais? Eu sei que os sorrisos das fotos são sinceros que eles devem se orgulhar de tudo isso que estão mostrando viver, mas sabe-se lá quantas coisas estão por trás disso tudo das quais também se orgulham. Como saber que eles também não tiveram suas crises pessoais e tudo ficou parecendo ruim, como rolou comigo nesse dia?
A gente nunca vai saber tudo sobre todos… E nem sobre a gente mesmo, se bobear!
Não é todo mundo começa a contribuir para o INSS com apenas duas décadas de vida nas costas ou tem o emprego ideal ao completar seu 1/4 de século. Nem sempre dá pra comprar uma casa dos sonhos aos 30, ter gêmeos na escola aos 35 ou pode pagar uma viagem pra toda família ir pra Disney junta aos 40. Algumas pessoas conseguem isso, sim, e isso não necessariamente é fracasso ou sucesso, é a vida, e na vida tudo é sempre muito relativo e o melhor: pode mudar a qualquer momento! Pode ser até pra pior, mas por pode ser também pra melhor e é nisso que temos que apostar para fazer acontecer. Não precisa ter crise dos vinte e poucos, nem dos 30, 50 ou mesmo 80 porque “Fulano” está assim ou porque “Deltrano” esperava de você assado. As coisas serão do seu jeito na hora que tiver de ser, e pra quem vive resta duas alternativas que podem caminhar juntas sempre: aceitar o que faz bem e correr atrás de mudar o que for preciso pra ficar melhor!
E se não der certo a gente chora um no ombro do outro, toma umas juntos, come uma caixa de chocolate que não devia ter comprado, vê um filme ruim na Netflix, procura uma terapia e curte a merda até que ela acabe… Pode ser que assim seja, também…
Babi
Oi Luli
Me identifiquei bastante com você.Ja tenho meus vinte e poucos também e não vejo nenhuma prespectiva de vida.
Desempregada,sem vida amorosa , sem ideia nenhuma do que fazer.
Eu vejo a maioria das garotas da minha sala ja casadas, com varios filhos, empregadas e só eu ali perdida pensando “O que eu estou fazendo aqui?”
Bate aquele desespero.
Sensação de que estou ficando para trás.
Mas é verdade ainda tem muita coisa para viver ( esperamos)afinal só temos 20 e ainda tem muito sonho para realizar.
E nós temos sempre as nossas conquistas pessoais particulares como você disse ,vencemos nossos medos e alcançamos metas .
E vai la saber o que a vida nos reserva na proxima esquina.
Amei a reflexão.
Beijos
Aninha
Eu vivo falando isso para o meu namorado que vive nesta crise existencial dos 20 e tantos anos (ele tem 27). Cada um tem seu tempo, e se não deu, está tudo bem também. Só porque uma pessoa da mesma faixa etária que você fez mil e uma coisas, não significa você não fez absolutamente nada. Eu tive essa crise quando terminei minha faculdade, aos 23, pois até então eu nunca tinha trabalhado com carteira assinada (e é até hoje, mas vamos dar graças a Deus ao MEI e ao DAS kkkk) e só tive 2 empregos diferentes, e nunca consigo juntar dinheiro o suficiente na poupança pra pensar em sair de casa, seja para casar ou viver sozinha. Mas dai parei e pensei sobre o quanto ainda preciso viver e aprender, e passei a viver uma vida mais leve desde então. <3
Sté Maciel
Luly, estamos juntas nesse barco! Eu vou fazer 24 em dezembro e já tô me descabelando. Não consegui conquistar nada do que queria, mas, tudo o que eu já fiz até aqui, muitas pessoas não sabem!
Temos que parar com essa paranóia, né?
Beijão, mariasabetudo ?
Dai Castro
Poxa, esse post me resumiu bem! Eu ainda me espanto quando fico sabendo que uma conhecida da escola está grávida seja do primeiro ou até do segundo filho, penso “nossa, já?” mas ai me dou conta que os vinte e poucos já viraram vinte e tantos desse lado aqui também! E de que eu não ter nenhuma vontade nesse momento de ter filho algum é o que é estranho perante a sociedade e não a pessoa que já teve, 1,2 ou sei lá, 3!
Tirando o fato de estar morando com o meu namorado há alguns anos, tem tanta, mas tanta coisa incerta na minha vida que é difícil até pra pensar! Mas vamos seguindo, tentando ignorar esses padrões e viver a nossa vida do melhor jeitinho!
Beijos! ?
Colorindo Nuvens
Ana Beatriz
A verdade é que a sociedade coloca limites e tempo em tudo. E nós acabamos achando que a vida é uma competição: quem fica bem sucedido primeiro, quem tem o melhor emprego, o melhor carro, o melhor em tudo, sabe? E por isso a gente fica ansioso, sempre pensando no dia de amanhã, e não no nosso ritmo de fazer as coisas. Eu me formei no ensino médio em 2015 e vou entrar na faculdade apenas agora no segundo semestre, e isso já foi motivo para muito surto na minha vida, até eu aprender que cada um tem seu tempo (!) algo importantíssimo, que devemos compreender.
Anny
Nossa Luly que post heim, parece que eu vi um filme se desenrolar em alguns trechos. Ja passei dos 20 faz tempo e ja até vivi a crise dos 30 , a cada década eu vivo uma.
No meu caso eu meio que corri ao invés de andar, comecei a trabalhar cedo por opção, tinha 14 anos e odiava ter que pedir dinheiro pro meu pai, morria de vergonha, até hj é assim..mesmo emprestado eu me sinto muito sem graça de fazer isso, então aos 14 eu comecei a trabalhar, terminei os estudos, não fiz faculdade pq eu não tinha dinheiro para pagar medicina e se não fosse isso eu não queria fazer mais nada rs. Aos 20 tive minha primeira filha, mudei de emprego pq agora tinha um ser pra sustentar, depois que minha filha nasceu tomei um pé na bunda do pai dela depois de 8 anos juntos e veio a primeira crise dos 20 rs. Casei depois de alguns anos com o meu atual marido e tive meu 2º filho, hj eu vivo relativamente bem, trabalho feito um camelo, cuido de casa, filho e marido. Como eu disse, eu corri ao invés de andar, sinto falta do tempo que eu morava com a minha mãe, rsrs. Todo mundo tem seu tempo, eu mesmo sempre acho que ta faltando alguma coisa sabe, que eu poderia ta fazendo outra coisa, trabalhando pra mim mesma, as vezes gera uma insatisfação que nem sei explicar.
Raphael Netto
Ei Luly! Que texto maravilhoso! Me identifiquei muito, apesar de ter acabado de entrar na casa dos vinte eu já penso muita coisa desse jeito que abordou. Já acabei a faculdade, mas para mim não deu diferença nenhuma, sem emprego e vivendo as custas dos pais. E quando era menor sempre pensava que quando formasse no que queria já estaria trabalhando, juntando dinheiro e saindo da casa dos pais, mas é como você disse, as coisas mudas e as vezes mudam porque precisamos nos conhecer melhor e saber o que realmente queremos e quais são nossos objetivos, independente se o colega do ensino médio já esta no emprego dos sonhos e conquistando a casa própria… Precisamos pensar mais em nós mesmo e para de pensar no que o amiguinho fez com a vida dele… Enfim, amei o texto!!
Abraços,
Raphael Netto
leia-porfavor.blogspot.com
aestantedosgemeos.blogspot.com.br
Clayci
Ai Luly fiz 29 este ano e parei de me preocupar com isso, sabe?
Eu viva nessa crise me culpando por não estar estabilizada e ver todos os meus amigos com a vida em dia.
Mas cada um tem seu tempo, né?
Não sei se eu seria feliz se tivesse corrido atrás de tudo que a sociedade exige, pois não vejo casada e nem com filhos =S
Vamos curtir nossa idade do nosso jeito <3
Ana Borges
Maravilhoso teu texto!
A gente se cobra demais sempre, e isso por vezes é tão tóxico!
Mas você não está sozinha nesse barco, em meus 24 anos só posso te dizer que o sentimento é o parecido. Eu, particularmente, sinto que conquistei muito pouco do que eu havia planejado, mas estamos na luta…
http://www.preservesuasraizes.com
Thifany Monteiro
Olá, tudo bem?
Adorei seu texto, apesar de eu não entender muito bem o que é ter 26 anos enquanto eu só tenho 17 :/
Mas eu devo imaginar como se sente, é horrível… Mas fazer o que, um dia após o outro é o que resta né?
https://l1ghtheworld.blogspot.com.br/
Kimberly Camfield
Luly, obrigada por esse texto!
É aquele tipo de coisa que a gente precisa escutar dos outros, mesmo quando já sabemos <3
Vez ou outra me bate aquela bad quando começo a me comparar com os meus colegas da facul, todos eles já trabalham na área de moda, menos eu. Porque não tem nada relacionado a moda na cidade que eu moro, e como estudo em outra cidade (a duas horas da minha), onde a indústria calçadista e de bolsas é mais forte, tenho vários colegas que já estão trabalhando na área. E eu não tenho no momento condições para me mudar para a cidade onde estudo, porque mal consigo pagar a faculdade e o ônibus, quem dirá me sustentar sozinha.
Tenho quase 22, namoro há 7 anos e o meu vô tá sempre enchendo meu saco querendo saber quando vou casar. Então quando falei que meu namorado pretendia comprar um apartamento, o meu vô disse: é pra quando o casamento então? E eu disse: 'que casamento? O da minha amiga que vou no final de semana?' e ele: 'não, o teu, tu não disse que teu namorado vai comprar um apartamento?' e eu disse: 'mas o apartamento que ELE vai comprar, é pra ELE'. E daí meu vô começou a pegar no meu pé porque eu não to nos planos de vida do meu namorado e que a minha amiga que conheceu o namorado há um ano já ia casar e tem quase a mesma idade que eu.
Cansei de explicar que EU não quero me casar. Que ela já tem um filho. Que EU quero me formar. EU não sei se quero morar com alguém, construir uma vida em casal e essas coisas depois que eu me formar. E EU pretendo nunca ter filhos. E até a minha amiga quando veio me falar do casamento teve a cara de pau de me dizer: 'agora só falta tu e teu namorado'. Ao que eu respondi que mal tenho dinheiro pros estudos, quem dirá pra casar e ela disse: 'aah, coitadinha'. Sim, eu fiquei muito feliz pelo casamento dela, pela vida dela, pelo casamento – que foi lindo por sinal, até chorei. Mas não é a vida que eu escolheria pra mim, sabe? Mas as pessoas ao meu redor parecem achar que eu sou menos feliz por não ter esse tipo de vida ainda. Só que na verdade eu tenho objetivos diferentes na vida, e tenho as minhas próprias conquistas – mesmo que pequenas – para me orgulhar. Puxa, quando me formei no ensino médio, que fiz no IFRS (onde o ensino médio é junto com o técnico e precisa passar por um processo de seleção para entrar) com um diploma técnico. Pode não ser uma grande coisa, mas é uma coisa que eu tive que estudar MUITO para conseguir. Não foi fácil ter aula 10 horas por dia, por três anos, e no último ano ter lidar com toda essa carga horária + estudar para vestibular + estágio. Depois eu entrei em uma faculdade que sempre foi o meu sonho e tive oportunidade de fazer intercâmbio e conhecer vários lugares legais. E eu não conseguiria fazer nada disso se simplesmente desistisse da faculdade para casar e ter filhos. E eu sempre pude me orgulhar pelo fato de que trabalhei para pagar os meus estudos, apesar de meus pais me ajudarem. Não foram grandes empregos, claro, já fui estagiária, vendedora e agora secretária da minha mãe (mesmo que seja sem carteira assinada), mas é algo pelo qual eu me orgulho, porque não fico dependendo dos outros o tempo todo para conseguir o que quero. Do mesmo jeito que você deve se orgulhar por ser formada e ajudar a pagar a mensalidade da sua irmã.
(Acho que meu comentário ficou quase maior do que seu texto haha Desculpa, mas acabei desabafando)
Jéssica || Fashion Jacket
Super me identifiquei com o texto. O problema é toda a carga que colocam em cima das pessoas com 20 e poucos. É como se fosse aquela idade em que você precisa decidir tudo na sua vida, e nem sempre é assim. Comigo não é assim. E isso tudo é realmente uma bobagem!
Beijos ?
Jéssica || Fashion Jacket
http://www.fashionjacket.com.br
Camila Faria
Oi Luly, super entendo essa sua “crise”, especialmente porque tem épocas da nossa vida que a gente acaba se comparando com as outras pessoas e isso NUNCA dá certo. Especialmente porque a gente se compara com uma versão idealizada das pessoas, onde tudo são flores e realizações, uma vida que não existe na verdade. É cruel se comparar com uma vida de sonhos e fantasia. Mas acho que, só de você estar fazendo essa análise e essa reflexão, já é maravilhoso. Identificar o que A GENTE quer (e não o que os outros esperam da gente) é sempre positivo.
Um beijo!
Carolina
Luly
Relaxa que estou com 40 e as crises são quase as mesmas
bjs
Thais Almeida
Luly, eu me identifiquei demais com esse texto. Parecia até que você estava falando de mim. Esse ano também faz 10 anos que conclui meu Ensino Médio, perdi o contato com quase todo mundo da minha turma, mas alguns deles são meus amigos no Facebook e sempre vejo eles postando sobre suas conquistas profissionais e amorosas.
Assim como você eu também sinto que as coisas simplesmente não acontecem pra mim. Tenho 26 anos, desempregada, solteira e sozinha, com uma família completamente bagunçada…
Também passei em concursos. 3 concursos pra ser mais exata, e até agora não fui convocada em nenhum deles… Eu me pergunto: “Por que ?” A resposta eu realmente não sei.
Bem, eu fico feliz pelas conquistas das outras pessoas e continuo aqui, esperando que algo aconteça na minha vida… Ou melhor… Na nossas vidas.
Um beijo!
http://www.impulsofeminino.com/