Quando eu estava na primeira fase do Ensino Fundamental, percebi que não poderia ser dentista, enfermeira, bailaria e jogadora de tênis ao mesmo tempo (quase um pra cada dia da semana!) e que teria que escolher uma profissão só, então decidi que seria professora. Fiquei uns três anos com essa ideia fixa na cabeça até os dez anos de idade quando resolvi que faria engenharia química na faculdade, provavelmente por influência do meu padrinho. Foi só ter um pouquinho a mais de conhecimento sobre a vida que vi que isso não era pra mim, que eu JAMAIS cursaria qualquer coisa que tivesse a palavra “engenharia” no nome, e escolhi o que queria fazer da vida de verdade numa altura em que ideia de dar aulas já tinha sido varrida completamente da minha cabeça. Por um tempo, claro.
Minha intenção era estudar Design Gráfico, mas acabei caindo de paraquedas no curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da UFMG (a história de como isso aconteceu está nesse post aqui) que eu amava e desde o início já fui vendo com o que me identificava mais, e a tal da “carreira acadêmica” não estava nos meus planos, definitivamente. Não posso expor todos os motivos que tenho aqui porque não é nisso que quero chegar, mas o principal deles é que eu tenho plena ciência de que nunca fui uma aluna boa o suficiente para isso. Eu sempre estudei muito, o fim de semana inteiro se precisasse, mas nunca adiantou porque nunca fui muito inteligente. E para dar aula na faculdade era preciso isso, acima de todas as coisas.
Depois da minha formatura, porém, surgiram possibilidades de dar aula em cursos técnicos de restauração e uma delas veio na forma de um concurso público para a FAOP, que aconteceu ano passado. Eu sabia que lecionar num curso técnico era completamente diferente de fazer isso na faculdade e de repente, depois de pensar um pouco no assunto, estava completamente encantada com a ideia! Após as duas etapas do concurso e dias de muito ansiedade o resultado saiu lindamente e, adivinha, EU PASSEI! Aí, claro, foram mais meeeses de espera pela nomeação até finalmente nos convocarem para a perícia médica. E lá fui eu fazer todos os exames e pegar os resultado e levar toda empolgada, feliz, alegre e saltitante até que… Fui reprovada no exame da fonoaudióloga por ter uma tal de disfonia leve a moderada. Entrei com recurso, fui negada, entrei na justiça, fiz tratamento com uma fono e uma otorrino (ambas liiiindas demais), segui direitinho todos os exercícios ridículos que me mandaram fazer e, ainda assim, não pude assumir. Aparentemente minhas cordas vocais apresentam um problema físico que torna minha voz insuficiente para um trabalho em que ela é o principal instrumento. Eu simplesmente não posso dar aulas, é isso. Fim de papo.
Hoje, quase um ano depois de ter sido barrada, eu fico feliz de não ter ido e de estar fazendo o que estou fazendo no momento – que são vááááááárias coisas – além de perceber que, infelizmente, eles tinham razão: não tenho potência vocal para ser professora. Tem dias em que só de conversar com amigos eu sinto minha garganta arder, então continuo fazendo os exercícios que vi que funcionaram melhor para ajudar. Lá no fundo a “derrota” é triste¿ É. Mas a gente supera e vê que é só uma das várias portas erradas que vamos abrir na vida, então temos que fechar direitinho e sem olhar pra trás para abrir uma porta certa que nos fará feliz.
Mas fica a dica para quem nasceu para ensinar: cuide da sua voz com muito amor e jeitinho porque (parafraseando a música) ela é que vai te permitir ser mestre, com carinho!
Anny
Não pode dar aula por causa da voz? Eu nem sabia que isso existia.
Mas eu sempre fui muito deslexa na escola e logo novinha ja sentia que não tinha vocação pro magistério!
Pra ser professora tem que ter muitaaa paciência amiga, e isso não é dos meus fortes.
Cris
Que triste isso Luly :/ Mas é o que você disse, tem que fechar essa porta e partir pra outra, certeza que alguma porta nova vai fazer você muito feliz rs
Beijos! =**
Carol R.
Nossa que historia, nunca tinha ouvido falar em alguém ser barrada por conta da voz.
Mas, que bom vc estar fazendo outras coisas legais
bjs
Bianca
Poxa, que pena que você não pode assumir! Eu sou professora há 6 anos, dei aula por 1 ano em um curso de idiomas e estou há 5 anos dando aula em escola pública, mas percebi que isso não é pra mim. Está cada dia mais difícil ser professor no nosso país, não somos valorizados, os alunos sempre têm razão e muitas vezes me pego pensando “o que eu estou fazendo aqui?” já que tenho que passar todos os alunos mesmo quando eles entregam as provas em branco.
Espero que encontre o melhor para você logo!
Beijos
Thay
Poxa Lully, que história! Passar por todas as etapas do concurso e ser barrada no final não deve ter sido uma das melhores sensações, mas há de se pensar que pode ter sido pra melhor, não é verdade? Como você mesma disse, está fazendo um monte de coisas legais e que te deixa feliz. 😀
Um beijo!
Min
Ah, eu imagino quando foi ao ocorrer de não poder, mas sabe aquela história que tudo ocorre por uma razão? ^^
Sou professora e sei quão difícil é, as vezes, ensinar e lidar com alunos, mas é algo maravilhoso, de verdade! 😀 Após Bacharelado, Licenciatura e agora com Pedagogia, vejo mais que nunca quanto amo ensinar! 😀
Beijo e saudades! <3
Paula Musique
Eu sou servidora pública. No meu cargo não é obrigatório passar por teste fonoaudiológico, mas tenho ministrado vários cursos no trabalho.
Há males que vêm para o bem, então só nos resta agradecer e aprender com a experiência. 😀
Que coincidência! No meu órgão tem gente da área de Conservação e Restauração de Bens Culturais. Acho tão lindo.
Quero comentar que acho o máximo suas fotos com as bonequinhas! Fofa demais!
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