E onde nós paramos mesmo? Ah, sim. No momento da minha vida em que descobri que a vontade de ser designer tinha ficado na adolescência e que eu me tornaria adulta como Conservadora-Restauradora. Ao longo do tempo eu me acostumei com a vida acadêmica e fui me esforçando para melhorar em tudo. Vocês imaginam o que é ser completamente desastrada, não saber nem como cortar algo usando uma régua e estilete direito?? Pois então: era eu. Mas eu cortei uma, duas, mil… E consegui.
Fazer MINI PONTINHOS para reintegrar uma imagem que perdeu parte da policromia?? Jesus Cristinho, eu achei que aquilo nunca ia acontecer comigo. Acabou que aprendi que gostava de fazer tracejado, meu pontilhismo ainda não é bom, mas num é que foi melhorando??
Quando comecei a restaurar papel então é que foi uma loucura. Meus primeiros reparos com papel japonês e suas carcelas monstruosas. Mas até que não demorou muito até reparar que elas foram ficando fininhas, quase invisíveis depois da cola secar. Mais uma vez eu consegui.
Eu fui vendo o que gosto mais, o que gosto menos. Não consegui tudo, mas isso é questão de tempo. E não fui só eu não. Tantos colegas meus que nem lembravam o que era química direito estavam lá, sabendo tudo. E quem achava que tinha “duas mãos esquerdas” hoje tá lá, fazendo trabalhos lindinhos e cada vez querendo melhorar mais. Porém no meio desse caminho teve o momento em que eu pensei em desistir. E por incrível que pareça eu continuei tendo apoio dos meus pais tanto quanto tive para começar o curso. A questão é que nesse apoio inicial eles foram uns dos únicos. E entre todos os motivos que tive para continuar o principal foi uma dupla de palavras lindamente escolhidas por Jane Austen que não poderiam ter relação maior um com a outra: Orgulho e Preconceito.
Acho que, no fundo, o orgulho não existiria sem o preconceito. E eu descobri isso por mim mesma. Quanto mais esse sentimento HORROROSO crescia nas pessoas em relação a mim, mais orgulhosa eu ficava da formação que em breve eu teria. Não é que eu já não gostasse: eu sempre gostei. Com o tempo passei até a amar. Mas sabe aquele sorriso iluminado que você dá quando alguém vem falar bem de algo que você gosta? Quanto mais críticas eu recebia de algumas pessoas, maior esse sorriso ficava quando outras se interessavam pelo assunto. E eu acho que o orgulho pessoal cativou as pessoas e elas passaram a se orgulhar também. Quando falei que ia ficar um ano a mais na faculdade meu pai achou foi ótimo e já me “confortou” algumas vezes sobre o medo tremendo que tô da vida pós-formatura que terei em breve. Minha mãe, ah, minha mãe. Antes ela falava que eu fazia “Belas Artes” só pra não ter que explicar o nome do curso, o que fazia o curso, que existia o curso. Agora ela dá meu histórico completo de estágios pra quem quiser ouvir. Meu tio-avô que guardou um jornal com reportagem pra mim, um tio por parte de pai que me contou váááááárias vezes do dia em que ele viu uma MOP num reportagem na TV. Minha irmã esse ano saiu falando pros colegas dela pra “votarem” no meu curso na Mostra de Profissões que tem no colégio dela, pra todo mundo saber que ele existe. A vovó é a mais linda. Já me deu documento dela pra restaurar e no nosso jantar de natal ano passado minha aparição no Globo Universidade foi o assunto favorito.
Azar o de vocês, seus parentes de mente fechada cheios desse preconceito asqueroso. Eu não vejo a hora dessa greve das Universidades Federais acabarem para poder me formar com orgulho, e ver orgulho nos olhos de quem realmente importa!
Esse post é o terceiro de uma série de posts nostálgicos sobre meus 5 anos como universitária. Esses 5 anos acabam no início de 2013 e só Deus sabe o que vai acontecer depois. Então vale a pena lembrar, porque é com o fim se aproximando que a gente lembra como era bom o início, como foi bom o trajeto!!
Todos os posts aqui.
Açu
Oiieee, Luly!!! Caramba! Vc está se formando em restauração, é isso? O.o
Sempre achei demais… mas me formei em design e, de certa forma, me arrependi disso… Estou pensando em fazer uma nova faculdade e tentar mudar os rumos da minha vida, mas sempre rola uma indecisão, mesmo com a maturidade que já adquiri… =/
Boa sorte! Espero te ver formada em breve!!!!! *____*
Bjinhus!!!! =*****
Cris
Você faz faculdade de restauração? Que da hora! Acho muito interessante o curso *-* Parabéns por seguir em frente com o seu sonho! É difícil, mas vale muito apena né?
Beijos! =**
Roberta Premal
Que profissão genial você escolheu, meus parabéns! Vou acompanhar o blog e espero ansiosa pelos outros posts da série. 🙂
Durango Tig
Oi, Luly. Tô de volta, finalmente.
Fiquei muito feliz de ler palavras täo lindas aqui no seu blog. Fui lá ver a reportagem e saí pulando as partes só pra te ver.
Sei um pouco do medo que você sente, mas talvez seu caso seja um pouco mais complicado, porque seu curso näo é amplamente divulgado. Quando escolhi meu curso, coisas como biblioteconomia e conservacäo restauracäo passaram na minha cabeca, mas esses cursos näo existiam na minha universidade. Na verdade, ainda nem sei se existem. :/
Desejo toda a sorte do mundo pra você e tudo de bom nessa reta final do curso e quero dizer que fico extremamente feliz que você tenha apoio em casa. Na minha eu näo tenho, o que torna as coisas cada vez mais dificeis e a gente fica um pouco sem saber o que fazer mesmo. 🙁
Beijos!