Logo no início do curso, talvez por sermos a primeira turma, começou uma temporada de demanda de estágios intensa na faculdade. De cara eu resolvi que tentaria de tudo e no primeiro deles eu já mandei meu currículo que não tinha absolutamente nada. Aliás a turma inteira mandou, mas só metade conseguiu: graças à turma dividida na disciplina de fotografia alguns ficaram sem disponibilidade e eu, com meu nome começado com “L”, fazia parte desse grupo. Mas tudo bem, eu tava tranquila porque ainda viriam outras chances.
Só que o tempo foi passando e os gostos “restaurativos” foram sendo definidos em mim. As ofertas de estágio pipocavam pra todo lado, mas meu currículo foi sendo enviado cada vez menos… Eu queria e precisava de dinheiro, sim, mas não queria que fosse de qualquer jeito: eu tava DOIDA pra trabalhar com restauração de papel!
Foi aí que uma das minhas colegas me ligou um dia. Ela fazia estágio no Arquivo Público Mineiro e tinha uma vaga aberta por lá. Eu ganharia um dinheirinho, que pra mim era uma quantia incrível, e em troca eu dedicaria a eles nada mais, nada menos do que 20 horas semanais de trabalho enquanto não estivesse em aula. Troca justa, contrato assinado, já saí pedindo o cartão de crédito do vovô emprestado e comprei uma câmera parceladinha em 6 vezes. Agora eu tinha meu próprio dinheiro que eu fazia render tanto que hoje me surpreendo, porque sei o que é ganhar mais do que o dobro daquilo e não durar quase nada.
Minha função? Tratar fichas no Photoshop. Simples assim. Eu virava as que estavam de lado ou de cabeça pra baixo e escurecia as que estavam muito claras e não dava pra ler. Eu sei que parece pouco, mas ALGUÉM tinha que fazer. Assim que acabei meu desejo se realizou mais rápido do que eu esperava: eu fui pro laboratório de restauração! Durei uma semana até que me mandaram de volta pra digitalização porque precisavam de gente no banco de dados das fichas que eu tinha tratado: o projeto Hélio Gravatá era o que estava em vigor por lá e tinha que dar certo. Eu até pensei em sair, mas eu gostava tanto de lá… Dei tudo de mim no Hélio Gravatá, me diverti à beça e quando acabou fui recompensada voltando pro laboratório. Paciência vale a pena.
Fiquei um ano no APM. Quando meu contrato venceu tive que sair: eles não tinham como renovar. Foi triste, chorei bastante e depois disso fiquei quase um ano parada. Eu queria estar livre caso eles precisassem de mim. Mas aí o tempo foi passando e no ano seguinte, quando eu já estava no 7º período, veio uma chance de estágio no Cecor. O trabalho era a restauração de um missal do século XVII e eu fui aceita por causa da minha, digamos, experiência. Foi incrível, trabalhamos muito e eu ainda fiquei amiga da Marina, que hoje é uma pessoa cujo telefone fica até na discagem rápida do meu celular, hahaha.
Por que? Bom, até de “compassas” nós já fomos chamadas. Depois que o trabalho do missal acabou ficamos um tempinho de folga até que o APM abriu vagas para um mega projeto e adivinha: duas delas era pra restauração. E lá fomos nós… E se no Cecor a perfeição era ideal, lá no Arquivo é a agilidade… Tratamento em massa, que eu adoro! E a maior mudança é que não eram mais 20 horas semanais: são mais! E como consequência, mais dinheiro. Até agora, depois de formadas, já pudemos trabalhar juntas de novo, o que foi ótimo.
Por um lado é ruim porque quando olham para meu currículo eu SÓ tenho experiência profissional na área de papel. Aliás, seria ruim, mas na verdade é bom porque é isso que eu quero fazer. Nosso contrato terminou em abril desse ano, mas foi naquele lugar que eu comecei e lá terminou minha vida de estagiária. Minha dica para quem tá na faculdade agora é essa: faça estágios! Só assim as pessoas sabem que você existe, só assim você fará realmente seus contatos.
Aliás, muitos me perguntam e eis a resposta: por esse motivo fiquei um ano a mais na faculdade… Dedicar aos estágios tomou meu tempo e eu, burrinha, não pedi os créditos que tinha direito, mas foi bom, valeu a pena, e eu não vejo a hora de viver restaurando papel até o fim da vida. Não que eu tenha estado parada desde então porque já tive trabalhos pra fazer, mas trabalho é trabalho e emprego é emprego, e meu desejo para o fim de 2013 e 2014 é um, dessa vez gastando 40 horas semanais.
Esse post é o quarto de uma série de posts nostálgicos sobre meus 5 anos como universitária. Esses 5 anos acabaram em março e só Deus sabe o que vai acontecer daqui pra frente. Então vale a pena lembrar, porque é com o fim que a gente vê de verdade como era bom o início, como foi bom o trajeto!!
Todos os posts aqui.
Camilla Martins
NOSSA, ganhar grana e fazendo tão pouco deve ser bom demais HGJKFHGKJFHGKJFGHKJ ganhar grana com o suor do seu trabalho é mt bom! HKGJFHGJKFHJK
bjo!
Thay
Realmente, enquanto se está na faculdade não há coisa melhor do que estagiar! Além de dar uma olhada um pouco mais de perto na realidade da profissão escolhida, dá pra aprender bastante coisas e adquirir experiência, super importante para a vida pós formatura. Fiz alguns estágios, e foram todos momentos muito bons! É um ótimo conselho a seguir! (:
Poly
Estágio é uma coisa que serve para vc definir seu perfil profissional. A menos que a pessoa queira continuar no ambiente acadêmico fazendo pesquisas ou mestrado, o estágio é muito importante.
Foi por causa do meu estágio que eu percebi que eu estava na profissão errada e que eu sabia que eu nunca me sentiria tão feliz e realizada quanto meu chefe. Ele só fez uma reunião com todo o escritório enquanto eu estava lá e no pouco tempo em que ele falou eu via e sentia a paixão dele pela profissão e soube que eu queria algo parecido, só tive certeza de que nunca seria trabalhando come eles.
Eu lembro dos seus períodos de mega projetos no estágio e no APM <3
Falta um trabalho full time agora pra vc ^^
Bjuxxxx
Gabriela Gomes
Também moro com meus avós e com minha mãe. Ainda não cheguei na faculdade (irei fazer jornalismo) mas tenho certeza que quando chegar irei aproveitar muito as suas dicas. Adorei o post, muito bom!
http://www.espacegirl.com
Ellen Alves
Relembrando os boms tempos, né?? meu sonho é cursar direito!
Beijinhos <3
http://www.momentosassim.com/
Lili
São gostosos de ler esses posts nostálgicos… 🙂
Smacks…