Quando a meta é sair do lugar…

Quando a meta é sair do lugar…

Tenho me sentido um caranguejo. Nem me refiro ao meu Sol em Câncer fortíssimo, cada vez mais aguçado, não. É mais aquela de andar pros lados, sabe? Você caminha, caminha, caminha e, ainda assim, não sai do lugar… Não regride, é claro, mas também não consegue seguir em frente, crescer, avançar, fica só nessa mesmice não importa o quão diferente sejam as coisas. Argh! Seja qual for a meta que tento traçar ela fica sempre pro amanhã, porque o que realmente acontece é andar em círculos pra lá e pra cá, achando que um novo caminho apareceu, mas voltando lá pro começo assim que pego no ritmo. Sério, pra mim já chega. Agora a meta é sair do lugar!

Quando a meta é sair do lugar...

A gente tem o costume de ter aversão ao que muda, né? Mesmo quando tá lá, acontecendo, fica batendo na tecla passada que claramente não funciona. Por muito tempo fui assim. Insistia em chamar de melhor amiga aquela com quem não tinha mais muito a ver, afirmava que certo livro era o favorito por questão de costume, via amor eterno no que nasceu pra ser primeiro amor. Como se mutar fosse fracasso, sendo que é simplesmente normal. Agora pensando em retrocesso, essa foi a primeira mudança que abracei: a de ser alguém que aceita e visa mudar! Só que quando você tem a sorte e o privilégio de estudar o que quer, quando quer e sem pagar nada, é difícil abrir a viseira e admitir que não tá dando certo, sabe? Aí tô aqui, dando murro em ponta de faca naquilo que não é minha formação e que eu sequer quero. Ou pelo menos tava.

Nos últimos tempos uma luz se acendeu no meu cérebro e cá estou, juntando alguns sonhos antigos com outros novos e descobrindo como transformar ideias em caminhos. E mesmo que ande devagar, que ande! Foi um filme que eu (re)vi, numa tarde qualquer aí, onde a protagonista me fez sentir vontade de sê-la. Não de forma sonhadora e idealizada, mas sim sabendo que se eu a tivesse como inspiração, chegaria onde me parece gostoso chegar, desde que pra isso eu comece (já!) a me esforçar. É com a força de Katherine Watson que minha pequena grande meta se tornou essa: voltar a estudar. Pegar um tema que achei e gostei (vocês também vão gostar!), que tá dentro do que aprendi mas nem tanto, e transformar na minha obsessão, tagarelar sobre até babar, até todo mundo – menos eu – se cansar! Me apoiar em quem quiser ser apoio, claro, e escalar sozinha quando der. Talvez seja o pior momento pra isso, mas é também o pior momento pra TUDO, ai, se der errado, e daí? Errado já tá! Continuar esse passinho de caranguejo é que não vai dar.

É que na vida tudo tem a enorme possibilidade de “dar ruim”, mas se privar disso vai acabar abafando a possibilidade do “dar bom” também. Depois de anos perdida, em negação, desnorteada, hoje eu sei que preciso levantar a cabeça, mudar de ar, tentar. Porque não faço ideia de quem irei me tornar quando tudo acabar (será que algo um dia acaba?), mas sei que não quero ser jamais alguém que fica parada. Sou da área das artes, mas não tenho vocação para estátua. Quero é correr, pular, até pirar, ir tremendo de ansiedade e segurando pra não chorar. Quero dar a cara tapa e depois ver ela quebrar, pagar língua e também dar o que falar, me encher de razão e ter razão de me orgulhar.

Esse post faz parte do Dreamcatcher Project organizado no grupo d’A Corte Vermelha, cujo tema de Agosto é Pequenas grandes metas para a vida. Veja também os textos de outros participantes: Memorialices, Livros, Gatos, Café,, Amável Girassol, Literabujo, Pastel Escritor, BanshuuTV e Simplesmente Criativa.

Maresia

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Um ano depois…

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  • Luana Souza

    Esse texto me lembrou um vídeo que vi esses dias. Nele, a pessoas que falava dizia que a gente sente medo de sentir certas coisas, e isso é normal, mas o normal também deveria ser não se privar de nada. Tristeza, frustração e raiva fazem parte da vida, e nos ajudam. Muito da pessoa que sou hoje foram graças a sentimentos não tão bons, mas, de certa forma, sou grata, pois me impulsiona a sempre tentar coisas novas, me lembra que eu consigo lidar com o que vem, seja muito bom ou ruim.
    Boa sorte com tudo, Luly. às vezes se acomodar é tão automático que a gente nem percebe, e é bom quando temos essas epifanias e choques de inspiração 🙂
    beijos.

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  • Anny

    As vezes a mudança nos paralisa não é mesmo? Tudo que é novo mete medo, insegurança, mas você já percebeu que a gente de adapta a tudo que é necessário? Tantos as coisas boas como as ruins?
    A quase dois anos atrás sai da mesmice de uma vida que eu vivia a 11 anos, e me vi meio que obrigada a encarar o medo do desconhecido, hoje eu to vivendo a mesma sensação, mas com fé que se eu conseguir superar lá atrás. Então consigo agora de novo.
    Bjs Luly

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  • Eva Camargo

    Quando eu falo que seus textos são minha religião, eu tô mais do que certa, Luly! hahaha
    Eu também me vejo mais ou menos do mesmo jeito, ou totalmente, não sei. Andando, andando, andando e não saindo do lugar, mas é mais de como está aqui dentro sabe? Uma confusão total. Antes de querer dominar o mundo, tenho que aprender a me entender comigo mesma, cuidar mais de mim.
    Seu texto foi lindo, consegui entender o que quis dizer e pude sentir aqui do outro lado sua vontade de correr. Em frente, é claro!
    Espero que se torne aquilo que já é, tendo a certeza de alcançar todo o seu potencial. Admiro muito seu blog!

    com amor, Eva
    amavelgirassol.blogspot.com

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  • Dai Castro

    Acho que quase todo mundo tem esse medo da mudança, mesmo ela sendo boa, a nossa cabeça começa a pirar por conta da possibilidade de dar ruim e autosabotagem aparece com força.
    É legal quando identificamos isso pois, começamos a abrir os olhos para tudo o que é bom que pode acontecer se a gente se arriscar a sair do lugar!
    A gente vai encontrando o nosso caminho e dando pequenos passos, mas importantes, na direção daquilo que sentimos ser para nós!
    Um beijo!

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  • Rebeca

    Oii Luly!! Gosto de textos assim, que vem lá do fundo do nosso coração e fala sobre o que tá acontecendo. Essa sensação de não sair do lugar é o peso da inércia e só dá pra sair da inércia se nos movimentarmos. Super te apoio com a sua ideia de voltar a estudar. A mudança nada mais é do que a única possibilidade de termos algo diferente do que já aconteceu. VAAAAAAIII FUNDO!! Beijo =)

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  • MARIA VALERIA CAMARGOS

    Dê tempo ao SEU tempo.
    Tudo irá se acertar e ajeitar.
    Bjo.

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  • Isabelle Brum e Silva

    Uau, que texto. Adorei!
    É isso aí, garota. Vai com tudo rumo aos seus objetivos (mesmo que para isso tenha que passar por alguns percalços). É assustador sair do lugar, da rotina e etc., mas quando a gente consegue, é uma verdadeira vitória, por isso desde já te desejo tudo de melhor!
    Boa sorte <3
    Beijinhos e bom fim de semana ^^

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