Hoje é um daqueles vários dias em que, mesmo que não haja busca, topamos com ressignificados nessa enorme andança chamada vida. E eis que eles, que não passam de flexões gramaticais de número, passaram a ter um novo sentido pra mim: dessa vez os plurais me derrubaram pra valer.
Ressignificar é importante, vira quase intrínseco a quem assume papel de metamorfose ambulante. Quer um conselho pra sua vida? Ressignifique! Mas, de preferência, o faça ao transformar maus verbetes do dicionário em bons, não o contrário. Em meio a tantas expressões ruins por aí, veja bem, eu tava bem focada em olhá-las com mais brilho nos olhos, juro, juradinho. Só que nem sempre é possível, às vezes vezes vem sorrateiro, de onde se menos espera, como um chute no peito que dói e faz nascer um ato físico representando essa dor, lágrimas e gritos, e por dentro o sentimento de ter perdido. Pior é partir de velhos aliados, que é como a Língua Portuguesa caminha ao meu lado. Hoje não, hoje ela virou inimiga com suas conjugações em múltiplos, e se uma grande amiga assim pisa na bola fica difícil perdoar!
Eu sei, eu sei, é muita revolta contra algo que costuma ser legal. Ele transforma vitória em vitórias, um assunto em horas, átomo em todos aqueles prótons positivos. Ser plural é tão bom que usei do próprio para a ele me referir, abraçando todos os plurais. Irei fazer o “advogado do diabo” aqui e admitir que sim, amo as grandes quantidades que vêm com qualidade… Em embalagens de batatas fritas, livros vendidos, piadas bem feitas, shows assistidos, gotas de chuva. Em nomes ou pronomes, sujeitos ou predicados. Em verbos. Veremos, teremos, queremos, fazemos, agradecemos, sorrimos, somos, vivemos, trabalhamos, aproveitamos, choramos, lutamos, conquistamos, fugimos, chegamos.
Mas me permita renegá-los, dessa vez. Foi inevitável.
Talvez flexões gramaticais de um modo geral sejam inevitáveis também, mesmo quando indigestas, e com elas a gente tem que aprender a viver. E se agora os plurais incomodam a solução pode ser, enfim, abraçar o singular com toda força, e nele (pelo menos tentar) florescer.
Marcelli
Que texto, o plural faz muita diferença!
Yeah, Dream High!