Minhas sessões de terapia acontecem uma vez por semana, toda sexta feira, desde março. Eu devia ter corrido atrás disso faz tempo? Já! Mas fugi uma época, arrisquei fazer de mal jeito em outra, até que tudo explodiu e precisei começar pra valer. E aí que pra chegar até lá tenho que percorrer um caminho que apesar de breve, é um pouco cansativo, e não me refiro ao caminho psicológico de melhorar minha ansiedade porque esse é longo, mas o caminho físico mesmo, os sete quarteirões que eu ando daqui até lá, subindo um belo de um morrinho e sempre tendo uma pausa bem no meio dele.
Porque no meio do caminho tem uma árvore!
Não é uma árvore suntuosa mais alta que os prédios, nem frutífera que me faz “roubar” coisas gostosas quando está carregada, ou sequer um Ipê rosa ou amarelo que sempre paro pra admirar. Não, é só uma árvore. Pra falar verdade eu nem sei como ela é porque nunca parei pra olhar de verdade, meu foco é sempre nas raízes que já cresceram a nível de destruir a calçada. Não uma destruição em massa nem nada, é aquela elevação típica cheia de pedrinhas que sempre vemos, mas por algum motivo eu me desequilibro nela todas as vezes que subo a rua.
Todas – as – vezes!
Isso antes mesmo da terapia em si… Durante seis anos morei perto de onde hoje são minhas consultas, enquanto minha querida vovó morava ao lado da minha casa atual, e se eu voltava da casa dela à pé era certeza que ia rolar uma deslizada ali. É aquela coisa meio “bêbado andando”, piso na região da árvore e pronto, rola pés fora do lugar e braços sacudindo pra tentar fazer tudo voltar no eixos, estando sozinha ou acompanhada. Quando vou descer nada acontece, fica tudo de boa, mas na ida é tiro e queda (ou, no caso, quase uma queda), aquele lugarzinho acaba me fazendo olhar pros lados pra ver se alguém presenciou essa breve pisada em falso, aí quando volto e passo pela árvore de novo só consigo pensar “Ahá, dessa vez você não me pega!” e ela não pega mesmo. Não sei quando foi que eu reparei isso. Não sei quando foi que decidi escrever sobre o fato de ter reparado isso. Não sei quando foi que apelei de vez e resolvi tirar uma foto desse exato momento para me incentivar a escrever sobre o fato de eu ter reparado isso. Só sei que aconteceu, e aí eu passei a prestar mais atenção me desafiando a não dar mais uma “trupicada”, o que nem sempre consigo. Tudo podia ser evitado pegando um ônibus, como minha mãe já disse que eu devia fazer várias vezes (e acha que eu faço, vejam bem), mas me foi recomendado ir andando então eu vou. Mesmo porque é até mais rápido! Aí o resultado é esse aí, lidar com a muito desnecessária mini vergonha temporária e eventuais sapatilhas que saem do pé. Se parar pra pensar é até bom porque posso usar de desculpa, sabe, se ouvir algum dia um “Ei, você atrasou, o que aconteceu?” é só fazer um ar poético e dizer, meio que de brincadeira e meio que de verdade:
“Tinha uma árvore no meio do caminho!”
Esse post foi MAIS OU MENOS inspirado na proposta #40 do Creative Writing Prompts, que oferece mais de trezentas ideias legais para desenvolver sua escrita criativa. É o 13º entre os 25 que me propus a escrever até outubro de 2018.
Flavi
Oi minha querida! Acabei de responder a linda mensagem que deixou em meu blog, e como não sei se você a veria, vim aqui colar a resposta pois acho necessário e importante depois de tudo o que me falou…
Ô minha linda, desculpe a demora em responder, mas confesso que no dia que li seu recado eu abri a boca a chorar. Seu comentário me tocou profundamente, eu achei que nem ia ter nenhum comentário aqui aliás, mas deparar com todo esse carinho, essas palavras de conforto, me invadiram o coração e não aguentei.
Sou extremamente grata pelos amigos/colegas/conhecidos/seguidores que acabei fazendo por causa do blog, ou na internet de modo geral. Muitas vezes se importam mais do que as pessoas que geralmente estão presentes na nossa vida.
Te desejo melhoras também, a depressão é um passo além da ansiedade, acho que tive perto deste “buraco” e nem sei dizer como consegui superar isso, foi justamente na época que tive esses problemas de coração.
Mas tudo no seu tempo, espero de verdade do fundo do meu coração “bugado” que você melhore pois isso não é bom pra ninguém, é uma tortura interna que somente quem vive sabe reconhecer.
Não me considero forte, não mesmo… Acho que ainda tenho muito a aprender, a batalhar, a viver, principalmente, porque nesses dias apenas existo.
Espero voltar em breve com todo animo e energia, e espero que o mesmo aconteça em sua vida. Mas só de ter todo esse carinho, e ver todas essas palavras de incentivo, com certeza já me fizeram ficar bem melhor!
Fica bem! <3
Clayci
Luly eu preciso começar a minha terapia tbm! E estou confiante que iniciarei em breve, pois cheguei numa fase que não consigo me senti bem saindo de casa e quando saio não reparo em nada.. acho que se tivesse uma árvore no caminho nem olharia (será que tem?) rs
Luly Lage
Começa mesmo, Clay, vai mudar sua vida (sério)!
Eu ainda tô meio “não quero sair de casa e quando saio não quero voltar”, mas tá cada vez mais fácil lidar com isso…
Bela
Enquanto não encontro uma forma barata de passar por terapia aqui na terra do Papai Noel, o que tenho feito é caminhar na floresta. E sempre a tropeçar com as raízes.
Sempre fui desastrada mas essas árvores ás vezes se movem, é sério! AHHAHA Não é possível que eu continue a cruzar as pernas e me deixar derrubar por algo que não se mova! D:
Caminhando, melhoraremos, minha querida!
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Luly Lage
Aqui pros lado Tupiniquins eu tô fazendo numa igreja católica, que é baratinho e negociável. Eu não tenho religião, por isso demorei pra achar uma que me identificasse, fui em duas que não gostei e a terceira amei, tá sendo maravilhoso!
Não sei se aí rola isso, mas vale a pena pesquisar…
Ana Carolina
Incrível como evitamos a terapia até não poder mais. Tenho uma amiga que desde que iniciou não quer parar mais de tanta melhora que ela sentiu, mas no começo não é fácil pra ninguém criar coragem
Anny
Nossa fiz tantos anos de terapia que hj eu procuro nao pensar a respeito. Já fui assim como vc Luly, mas eu to melhorando aos longos dos anos, prestando mais atenção nas pequenas coisas sabe. As vezes bate ate aquela saudade da infância em determinadas situações no meio da rua. rsrs