Minhas primeiras tatuagens coloridas: Expresso Rosa e Monet

No segundo semestre de 2024, enquanto rolavam conversas sobre assuntos nada a ver com esse em um grupo de WhatsApp do qual faço parte, uma participante viu uma flash tattoo da Laura Jardim que poderia interessar os participantes e enviou, mais porque era bonitinha, mesmo. Eu, no horário de almoço do trabalho, entrei no link só pra zapear, e de repente estava completamente apaixonada. Bichinhos fantasiados de bruxa em traço fofo sem ser infantil, reproduções de obras de arte estilizadas, pontos turísticos de Belo Horizonte transformados em selos, flores, flores, muitas flores: era tudo muito lindo. Estava nos meus planos fazer tatuagens naquele momento? Bom, assim de forma específica, não, mas a vontade sempre existe, né? Dei uma olhadinha na página inteira, vi que era possível dividir no cartão de crédito e do nada ali estava, fechando a compra com não só uma, mas DUAS delas!

Sou da vibe das tatuagens com significado, todas as que tinha até então tinham sido planejadas, e várias outras que ainda quero também. Adoro ver opções de flash, acompanhar as amigas nesses ambientes, mas despretensiosamente por esse motivo. Eu já tinha, porém, duas metas ainda abstratas em relação a isso, que eram homenagear todos os meus projetos pessoais e reproduzir alguma obra de arte que gosto. Veio o site da Laura me entregou ambas de bandeja! Quando vi um morango em traço de giz de cera, em tom meio rosado, sabia que ele seria a homenagem do Expresso Rosa, meu ateliê, cuja logo é essa fruta (numa versão feinha, mas que gosto). E no meio de tantas obras modernistas que encontrei na página, até meio tonta para escolher a favorita, foi um relicário inspirado em Monet que me pediu “por favor” pra ser parte de mim.

Morango do Expresso Rosa

Em 2009, quando o Expresso Rosa migrou do blogger para WordPress ao mesmo tempo em que deixava de ser um template shop para virar meu portfólio, eu não usava mais imagens de personagens no topo dele nem do blog, então fiquei pensando o que usaria para ilustrá-lo. A ideia do morango veio porque coloquei o link de assinatura dos feed do site com o título de “Strawberry Feeds Forever”, por causa da música dos Beatles, e desenhei o que a logo dele pra esse fim. Pra época já era arcaico e esquisito, pra hoje mais ainda, mas foi a primeira logo que fiz na vida e acabei me afeiçoando a ela… Tantos anos se passaram, ele virou minha empresa, meu ateliê de cadernos artesanais e conservação-restauração, com a mesma imagem, fazendo com que morangos se tornassem mais que uma fruta gostosa pra mim, mas um ícone, mesmo!

Eu já tinha cinco tatuagens, feitas entre 2017 e 2019, e nenhuma delas era colorida, estava bem animada pra essa nova “primeira vez”. Escolhi a parte interior do braço direito, logo abaixo da dobra do cotovelo, sem centralizar de propósito, pois é o lado da mão que uso pra costurar os cadernos do E.R. e também já tinha outras duas do lado esquerdo. O processo foi muito rápido e não doeu, mas o mais legal foi que pude assisti-lo e ver esse moranguinho nascendo, mesmo, sabe? A ideia é que ele seja vermelho, mas ela usou rosa na construção da cor e isso não poderia ser mais perfeito, afinal é minha cor! Realmente amo que é num lugar do meu corpo que posso ver sempre, já tem seis meses e ainda parou pra admirá-la, não consigo me acostumar de forma super positiva com o quanto é maravilhosa!

Relicário de Monet

E vamos para a segunda rodada do dia, que foi ironia pura. Sim, logo eu, enfim decidindo tatuar uma obra de arte e não tatuei algo de uma artista mulher! Já poderia ser a homenagem do Vênus em Arte numa tacada só, afinal de contas, mas não… Fui escolher logo o maior dos estereótipos: Monet! Mas juro, fazia MUITO sentido uma vez que era o ano de celebração os 150 do meu estilo artístico favorito, e melhor ainda que fosse com ele, que deu nome pro movimento… Fiquei na dúvida entre um cavalete com a pintura e esse relicário, que acabou de ganhando pelas florzinhas cor-de-rosa e pelo fato de que, ser eu colocasse no centro das costas, poderia ser como meu pullring das bonecas Blythe. É, pois é, eu sou tão escritora que crio narrativas até onde ninguém mais conseguiria ver!

Alguns meses antes eu tinha visto uma obra dele ao vivo pela primeira vez, e concluí o que sempre soube pelos livros: nada nesse mundo é tão impressionista quanto Monet. E assim, num relicário imenso desse amor pela sua estética, a partir daí nada seria mais impressionista que eu também. Foi engraçado, porque a Laura ficou preocupada comigo, perguntando se estava com dor, respondi que não, que tudo bem, era a verdade. Depois de finalizada, quando fomos pro espelho, entendi a preocupação dela, minha pele ficou BASTANTE vermelha, de um jeito que nem as fotos conseguem mostrar! Mas cicatrizou linda, e pode ser que um dia tatue o trabalho de alguma das minhas queridinhas mas, por hora, sou feliz em ter a arte dele em mim, e fico toda animada sempre que vou vestir algo que tem as costas mais baixas e sei que todos poderão vê-la e admirá-la também…

Leia também: Minha terceira tatuagem: nosso trevo de amigas-irmãs!

Sobre a tatuadora

Laura Jardim vive e trabalha em Belo Horizonte, onde tem seu estúdio de tatuagem em um dos edifícios mais emblemáticos da cidade, o Acaiaca. Além de tatuadora é ilustradora, com algumas HQs publicadas que podem ser adquiridas em sua loja virtual. Seu estilo abrange principalmente desenhos delicados e divertidos, com cores alegres e temáticas cheias de personalidade. Vocês podem conhecer melhor ser trabalho no perfil do Instagram @__laurajardim.