Malcolm & Marie
Elenco: John David Washington, Zendaya
Direção: Sam Levinson
Gênero: Drama
Duração: 106 min
Ano: 2021
Classificação: 16 anos
Sinopse: “O cineasta Malcolm (Washington) e sua namorada Marie (Zendaya) voltam para casa, após a festa de lançamento de um filme, para aguardar o iminente sucesso de crítica e financeiro. A noite de repente toma outro rumo quando revelações sobre o relacionamento começam a surgir, testando a força do amor do casal.” Fonte: Filmow.
Comentários: Após o lançamento do seu mais recente filme, Malcolm e sua namorada Marie voltam para casa com climas completamente diferentes, uma vez que ele está claramente animado celebrando a grande vitória da noite e ela apresenta olhar e comportamento que demonstram estado de espírito oposto ao dele. Enquanto vão conversando, às vezes em diálogos, outras em monólogos, sobre os acontecimentos do evento, uma série de mágoas e ressentimentos vão sendo colocados para fora em meio às pontuais declarações positivas e trocas de carinho madrugada afora, permitindo que quem os assiste entre profundamente na suas frustrações sem tomar partido na discussão, uma vez que ambos parecem fazer igualmente mal um ao outro, apesar dos sentimento genuíno que compartilham.
Lançado hoje pela Netflix com direção de Sam Levinson e elenco que se resume a apenas o casal protagonista, interpretado por John David Washington e Zendaya, Malcolm & Marie é um filme em preto e branco de temática contemporânea que se passa em apenas uma noite dentro da casa do casal, que é toda de vidro, no permitindo observa-los tanto quando a câmera nos coloca do lado de dentre dentro quanto quando permanece ao seu redor. A fotografia é belíssima, mesmo que seja uma casa de gente rica comum, sem muitos detalhes, como se fosse possível estar presente na vida deles intimamente e, ao mesmo tempo, ir descobrindo que existem cicatrizes tão profundas naquela relação que ninguém conseguiria vê-las de fora, uma vez que nem os dois parecem saber que aquilo tudo está ali até, enfim, verbalizar.
É impossível negar que os dois se amam, mas isso não torna o relacionamento saudável. Ambos precisam trabalhar questões fortes, tanto de si mesmos quanto a dois, e machucar o outro é uma ferramenta poderosa muito utilizada, mas que sempre sai pela culatra porque faz mal pra todos os lados. Achei a oscilação entre o ataque e o carinho MUITO real, completamente possível de acontecer em qualquer convívio próximo de qualquer família, mas não consegui tomar partidos porque, realmente, o fator tóxico ali, que corrói a convivência apesar do desejo de estar junto, é mútuo. Em alguns momentos em que destila seu machismo você tem vontade de mandar o Malcolm calar a boca, em outros de fazer o mesmo com a Marie, e eles mesmo não conseguem expor isso sempre se rendendo ao mesmo ciclo de escapes pessoais, como música, bebida, cigarro e tentativas de realizar tarefas corriqueiras, cada um ao seu modo.
Leia também: Na tag Netflix é possível ler todas as resenhas aqui do blog sobre produções originais do serviço de streaming!
O ponto mais alto de todos, depois das atuações absoluta e inquestionavelmente impecáveis, é a trilha sonora, que não serve somente para dar às cenas o tom que o diretor deseja passar, mas também fala pelas personagens tudo aquilo que elas não conseguem dizer. Em cenário de amargura tão profunda, que podia ser corrigida com palavras simples como “obrigado” e “desculpa”, mas que só chegam quando já é tarde demais, a relação é pesada e apesar do filme não ser muito longo, com pouco mais de uma hora e meia de duração, você chega ao final exausto, como se tivesse vivido a noite junto com os dois, mas o cansaço é puramente mental pela dificuldade de ver a insistência em se machucar tão explícita em tela.
Particularmente acho que tem potencial para não ser tão amado por quem não sabe o que esperar, graças aos textos muito compridos e convívio saturado das poucas pessoas que vemos em tela, sempre no mesmo ambiente bicromático, mas me afetou de forma que acho ser exatamente o objetivo do longa, que foi cumprido. Por fim, fica aqui a curiosidade de que não é só o elenco que é pequeno, mas toda a produção foi reduzida para que fosse iniciado e lançado nesse último ano, durante a quarentena, sendo inteiramente gravado em apenas duas semanas no início da pandemia, quando as medidas de proteção estavam no auge. Podia ter dado bem errado, mas felizmente foi o contrário e o resultado é impactante!
Laura Nolasco
Nossa, bem curioso!
Acho que não é muito meu tipo de filme – eu tendo a ficar muito incomodada/irritada com filmes que se passam em espaços restritos assim, principalmente – mas parece muito interessante. Talvez quando a pandemia acabar e eu estiver num humor mais leve eu assista hahahah
Achei muito interessante a questão do contexto de produção!
Beijos =)
Gisa Motti
Ei, Luly! Tudo bom?
Você me convenceu a assistir o filme no momento em que disse que era todo em preto-e-branco, haha. Brincadeiras à parte, achei toda a proposta do filme muito interessante e acho que seria o tipo de obra que me deixaria tão reflexiva quando “História de um Casamento”. Já coloquei na lista para assistir assim que possível! Obrigada pela indicação, como sempre muito bem escrita.
Abraços,
Gisa Motti | Literalize-se
Erika Monteiro
Oi Luly, tudo bem? Amo indicações de filmes e séries, ainda mais quando são produções que não conheço. Me chamou atenção ser em P&B faz um tempo que não assisto nada assim. Acho que o último foi Psicose, inclusive foi uma experiência que me marcou bastante. Tanto pela história em si (nunca tinha assistido), quanto pela fotografia, personagens, e o desfecho. Também lembro de ter assistido E o vento levou… antes da remasterização (acho que é assim que fala). Lembro de conhecê-lo ainda criança mas nunca consegui ver inteiro por ser tão extenso. Bom, não sou tão fã da Zendaya quanto sou da Demi, Miley ou Selena mas fiquei interessada em assistir principalmente por se tratar de relacionamentos. Um abraço, Érika =^.^=
Malu Silva
Ouvi falar desse filme rapidamente no twitter, principalmente por ter a Zendaya e por ser em preto e branco. Eu fiquei tentada a assistir, achei a premissa interessante, e o lance de ser em preto e branco e com elenco reduzido me fez lembrar do filme O farol, com o robert pattinson!
Ray Cunha
Olá,
Esse filme está no meu radar desde o lançamento. Foi bom ler sua resenha dele, acredito que, por fugir bastante da minha zona de conforto, não será um filme fácil de assistir, mas ainda assim interessante.
Beijo!
http://www.amorpelaspaginas.com
Paulo Daniel
Suas postagens são ótimas, estou seguindo seu blog e curtindo bastante!! Parabéns!
Meu Blog: Como Ganhar na Loteria
Alexsandra Helga de Souza dos Santos
Feriadão a vista! A ordem é ficar em casa, “bora” assistir muuuuuuuuuuuitos filmes!!!!
Dica anotada!
Abraços