Just Listen: A garota que esconde um segredo

Just Listen: A garota que esconde um segredo

Just Listen: A garota que esconde um segredo (Just Listen) *****
Just Listen: A garota que esconde um segredo Autora: Sarah Dessen
Gênero: Jovem adulto, drama, romance
Ano: 2006
Número de páginas: 308p.
Editora: Farol Literário
ISBN: 978.853.680.900-7
Sinopse: “Depois de ter sido pega com o namorado da melhor amiga numa festa, Annabel Green começa o ano letivo sendo ignorada pelo resto da escola. Mas o que realmente aconteceu naquela noite ainda é segredo, que ela não se arrisca a contar para ninguém.
Os problemas de Annabel são explicitados pela recusa da família em admitir os próprios problemas: a fissura da mãe para que as filhas virem modelos famosas e Whitney, a irmã do meio, que sofre de anorexia. Uma amizade com Owen, o DJ da rádio comunitária, que tenta constantemente ampliar os gostos musicais de Annabel, fará a tímida jovem aprender a falar a verdade, doa em quem doer.
Ele tem uma missão quase impossível: fazer com que Annabel “Não pense nem julgue. Apenas ouça”.”
(fonte)

ATENÇÃO!ATENÇÃO: Esse livro contém conteúdo sensível e pode apresentar gatilho para alguns leitores (distúrbios alimentares, depressão, relacionamento abusivo e abuso sexual).

Comentários: Annabel Greene parecia ser “a garota que tem tudo”, assim como a personagem que interpretou no comercial que estreava junto com seu novo ano letivo. Sua melhor amiga, Sophie, havia a transformado há alguns anos em uma das garotas mais populares da escola e isso, somado à sua longa carreira de modelo, tornava o cotidiano das duas regado de festas, eventos bacanas e garotos bonitos. Mas no fundo, desde antes de sua vida desmoronar no início das férias de verão, ela estava longe de ser assim. Sua carreira já deixou de ser divertida há anos, porém parecer ainda ser fundamental para sua mãe, a melhor amiga tem comportamento discutível e abusivo, suas irmãs já não se falam desde que Kirsten, a mais velha, alertou a todos sobre os transtornos alimentarem de Whitney, a do meio, e ela prefere viver com tudo isso a enfrentar o verdadeiro pavor que possui de encarar conflitos. Agora, voltando para mais um ano de Ensino Médio tendo Sophie como inimiga e guardando o maior de seus segredos sobre a noite em que elas brigaram, ela está sozinha e acuada, lidando com problemas enquanto é taxada de “vadia”.

É quando Owen, um colega de escola alto e corpulento, com o qual pouca gente conversa por causa de seu comportamento agressivo, acaba se tornando sua única companhia em meio a esse novo cenário de isolamento. Ele, como parte de seu programa de gerenciamento de raiva, aprendeu a ser o oposto dela ao expor seus sentimentos e não guardar nada, sendo sempre sincero. O mais característico no garoto é, porém, a completa obsessão por música. Dono de um programa na rádio comunitária na cidade e um auto denominado “iluminado” no assunto, ele vê nessa inusitada amizade a possibilidade de vê-la se abrindo tanto no gosto musical quanto, principalmente, admitindo para todos o que realmente sente.

Conheci e me apaixonei por Annabel e Owen no final de 2014, quando ganhei Just Listen de presente de natal e o li pela primeira vez. Após passar esse tempo todo me questionando por que nunca sentei para escrever sobre eles decidi, enfim, reler o livro pela segunda vez (a primeira não lembro quando aconteceu) e, enfim, dar minha velha visão deles sob um novo olhar, ligeiramente mais maduro. Uma coisa não mudou: esse é um dos meus livros favoritos, por diversos motivos. Lendo a sinopse a história soa um tanto quanto clichê, quase um “A Bela e a Fera contemporâneo” pela descrição da aparência dos dois, mas é tão, tão longe disso que acho até injusto ter mencionado a possibilidade. Se essa foi a impressão que você teve, já aviso: a história, assim como a vida da nossa jovem modelo, é muito diferente do que parece.

Just Listen: A garota que esconde um segredo

Annabel é uma pessoa que evita tanto a raiva daqueles que vivem ao seu redor que chega a ser preocupante. Para que essas pessoas não se magoem (ou ainda: não a magoem) ela simplesmente não fala NADA da sua vida pra elas. Sua mãe teve depressão há alguns anos e o pai prefere simplesmente não se aprofundar em “questões femininas”, o que envolve basicamente tudo ao seu redor já que sua família é composta completamente por mulheres. Ela não consegue se livrar do trabalho como modelo porque acha que isso vai desestabilizar a casa, não critica Sophie mesmo discordando de suas atitudes por ter medo dela, não encara nada de frente. Ela é marcada por fugir de sentimentos a ponto de preferir simplesmente ver as pessoas saindo de sua vida no lugar de falar o que precisa ser dito a elas. E por mais que isso seja extremamente problemático, estar na sua cabeça e ver como são seus pensamentos torna muito fácil ter empatia por ela e querer ajuda-la. Porque ela claramente precisa de ajuda.

Owen, por sua vez, odeia mentiras e mais ainda o silêncio. Não é babaca a ponto de se jogar no “doa a quem doer” em seus discursos, mas jamais engana ninguém. Como consequência está sempre disposto a aceitar que as pessoas hajam assim com ele também: enquanto a amizade deles se desenvolve ele aceita a opinião de Annabel quando ela julga seu programa na rádio de maneira nem sempre positiva e a faz descobrir não só sobre novas músicas, mas também sobre si mesma. E novamente esse poderia ser o momento em que as pessoas viram os olhos por ver nesse cara o “salvador” da garota perdida, mas não é isso que acontece. Ele está ao seu lado e estende a ela sua mão, metafórica e literalmente, mas durante toda a trama cabe SEMPRE a Annabel rejeitar também seu silêncio e salvar a si mesma. A não pensar ou julgar: apenas escutar. E, claro, falar.

“Quando você realmente pensa sobre ela (…), a música é a grande unificadora. Uma força inacreditável. Algo que as pessoas que são diferentes em tudo podem ter em comum.”

As personagens secundárias também são muito bem trabalhadas, o que ajuda quem está lendo a se afeiçoar (ou não) a elas. Desde Sophie, que transforma a protagonista de aliada em “vagabunda” ao acreditar que ela ficou com seu namorado, passando pela extrema dupla de irmãs da garota que intensificam suas questões familiares ao expor e lidar com o peso dos transtornos alimentares até chegar em Mallory, irmã mais nova de Owen apaixonada por modelos que não só endeusa a nova amiga do irmão sem saber as dores de seu trabalho, mas também nos faz relembrar a complicada pré adolescência, onde tudo mais intenso e os ideais de vida tão irreais… Entre outros! A maioria merece muito cuidado e carinho, outros causam asco e arrepio, mas todos existem na nossa vida real por aí, não importando se para torna-la melhor ou terrivelmente pior.

Como se não bastasse isso tudo e o fato de que eu AMO um bom drama romântico jovem adulto, esse livro me apresentou minha música favorita do Led Zeppelin, que já gosto há tanto tempo que nem sei dizer quando comecei e está, inclusive, na trilha sonora do meu próprio livro. Em meio a artistas fictícios criados para a história e alguns da nossa vida real, “Thank You” é mencionada como a preferida de Owen da banda, conquistando consequentemente Annabel e a mim. Sugiro que você aí, caso decida ler esse livro, providencie para que ela esteja por perto para ser reproduzida nos momentos em que as personagens a escutam, a experiência vai ser ainda mais gostosa porque ela é, como ele mesmo diz, um pouco brega, mas também extremamente verdadeira. E, acrescento, linda!

Psiu! Pres’tenção! A Editora Seguinte também publicou o livro no Brasil em 2017, dessa vez sob o título de “Só Escute”. Como não tive acesso a essa edição, não sei se é semelhante ou não à da Farol Literário.

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  • Daninha

    Acho esse livro impecável! Ele tem temas que precisam ser abordados, todos misturados e tratados com muito respeito e a sensibilidade que necessitam.
    Suas palavras, muito bem escritas fizeram jus ao livro, obrigada por falar e recomendar ele, acho muito importante.

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  • Anna Ruiz

    Gostei bastante do artigo de hoje, sempre estou aqui acompanhando seu blog. Tenho aprendido muitas coisas legais aqui.

    Beijos ?.

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  • José Lança

    Gostei dessa sinopse. O Owen parece um personagem muito interessante, há muito tempo que não leio ficção e este post voltou a despertar o meu interesse por esse tipo de literatura.

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  • Ane Carol

    A primeira vez que vi algo sobre a Sarah Dessen no extinto blog Garota It. Lembro de ler as resenhas dos livros da autora e ficar curiosa para conhecer suas histórias, mas na época não era tão fácil encontrar seus livros para comprar, pelo menos pra mim. Alguns anos se passaram e ainda não li nada da autora. Ler sua resenha me lembrou sobre isso e despertou novamente minha curiosidade. Achei interessante a proposta do livro e vou adicionar na minha lista de futuras leituras, acho que agora fica mais fácil de ler a edição da Seguinte. Valeu pela dica.

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  • Anna Caroline

    Nao conhecia o livro. Achei bem interessante. Eu normalmente nao leio essa gênero, mas tenho vontade.

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  • Imprevistos Musicais

    Gostei muito da sinopse!! Eu amo ler livros que envolvam abusos, transtornos e outros gatilhos, ainda mais quando são bem trabalhados e escritos. Gosto da temática porque me ajuda a entender melhor o que acontece na vida de muita gente, infelizmente. Fiquei muito interessada em ler, já vou dar uma pesquisada!!

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  • Malu Silva

    Nossa, quanta coisa legal sobre o livro o seu post trouxe! Amei a sua relação com a história e o fato de ter te apresentado a sua música favorita. O lance da Anavel evitar a raiva das pessoas a sua volta me fez refletir um pouco, pois conheço muitas pessoas assim. Fiquei afim de ler o livro!

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  • Vitória Bruscato

    Oi, Luly! Eu não conhecia o livro, mas acho que deve ser bem legal! Gostei da trama pelo que li aqui, e assim como você, também amo um drama romântico jovem adulto. Vai pra minha lista!

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