Semana passada eu voltei na minha cidade natal, depois de 10 anos sem ir lá, coincidindo lindamente com o fato de que eu precisava escrever sobre ela graças ao projeto 52 Perguntas em 52 Semanas. Mas eu não fui pra buscar inspiração, não… Tampouco para visitar pessoas, viver uma experiência nostálgica e nem nada poético do tipo: fui para resolver problemas mesmo! Era aquela “coisa”, né, alguém tinha que ir, eu tava cheia de tempo livre, peguei o ônibus e fui. A estrada está ruim como sempre, ficamos parados em certos momentos por muito minutos admirando vários nadas sem sinal de celular, mas tinha Pink Floyd tocando no meu iPod e um chocolate que uma amiga tinha me dado de aniversário na bolsa, então tava tudo bem, tava tudo certo. Umas quatro ou cinco (ou seis?) horas se passaram e finalmente desci lá… Não sei exatamente se fiquei surpresa ou não em encontrar tudo no mesmo lugar que estava antes.
Bom, quase tudo. Claro que muda uma coisinha aqui e outra ali, né? A usina, por exemplo, fica toda fechadona agora, num muro inteiro e não mais “fragmentadinho”. Tem também uns prédios espalhados que não existiam antes. Mas no geral é bem mais do mesmo: o supermercado grandão no seu quarteirão (a porta mudou de lado, o que me confundiu um pouco), a Praça de Jogos onde vários velhinhos se reúnem todo santo dia ainda sempre cheia. A igrejinha católica do Centro, a lanchonete Tia Eliana onde a gente comia pastel, a mesma loja de tecidos da esquina que nem as bancadas eram novas. A loja de sapatos então, continuava com as prateleiras e poltronas na exata mesma disposição.
Em certo momento, enquanto eu esperava a amiga experimentar sapatos nessa loja, alguém me chamou pelo apelido de infância. Chamou não, se questionou se era eu ou minha irmã, só ouvi um “É a Lulu ou é a Dani?”, então já sabia que estavam falando de mim. Era uma das minhas duas professoras do maternal! Foi talvez um dos encontros mais legais que já tive na vida! Me chamou pra passar uns dias na casa dela, perguntou sobre minha vida e se eu ia casar (de onde as pessoas tiram essas coisas?), como estava o pessoal aqui de casa e o que eu estava fazendo. Disse pra eu não me desanimar com minha instabilidade atual, porque afinal de contas todo mundo estava mais ou menos assim mesmo, uma hora ia melhorar. A gente se despediu bem sorridente, e muito emocionada. Cês sabem, eu sou uma bela de uma manteiga derretida, segurar o choro ali foi quase como enfrentar um dos 12 Trabalhos de Hércules, mas assim como ele eu consegui!
Ainda nessas andanças vi de longe a escola onde estudei a primeira fase do Ensino Fundamental, o prédio onde ficava o consultório dos meus pais, a Maria Fumaça dos jardins da Fundação Acesita. E a Fundação em si, onde assisti peças e mais peças de teatro infantil, que aconteciam mensalmente e a gente simplesmente amava. Inclusive o outdoor onde ficava anunciada a programação permanece igual, o que me fez dar uma risadinha. Eu vi o carrinho da hambúrguer onde a gente adorava comer e que agora ele tem uma lanchonete gourmet do outro lado da rua. Achei chique. Precisei ir a um Bradesco e encontrei a agência no lugar exato onde já supus que iria encontrar. Descobri que era tudo muito menor e mais perto do que eu imaginava, e que eu não nasci pra essa coisa de cidade pequenas, de todo mundo conhecer todo mundo, de falar que pessoa X é filha do “Fulano” e todos os presentes já saberem tudo sobre a família toda. Não sinto muitas saudades, já faz 15 anos que Belo Horizonte é minha casa (e nada vai mudar isso), mas até que foi bom ter esse breve reencontro com a infância assim, no meio da turbulência da “adultisse”. Ao mesmo tempo que queria ir embora gostei de estar ali, mas não era o lugar que me fazia sorrir, sabe? Eram os momentos. Os que já tinha passado e até mesmo os que estavam acontecendo em consequência desse passado. “Na minha vida, eu os amo mais!”
Escola Estadual Getúlio Vargas: minha 2ª casa por 4 anos, e o único lugar que lembrei de fotografar, mesmo de longe.
Esse é o 2º texto do projeto 52 perguntas em 52 semanas, traduzido para o português pela Bia Carunchio, que tem como objetivo “ajudar no processo de escrita da sua história de vida”. A pergunta da vez é “Quando e onde você nasceu? Descreva a casa, a vizinhança e a cidade onde você cresceu.” e foi isso que ela me inspirou a produzir!
O título e a última frase desse post são a tradução trechos da música “In My Life”, da banda inglesa The Beatles, na qual eles falam de sua cidade natal, Liverpool.
Babi
Oi Luli
Eu lembro que certa vez eu fiquei alguns anos fora da cidade que eu moro atualmente .
Foram 2 anos,mas quando voltei para ca , eu olhava pela janela do carro os lugares e ao mesmo tempo em que tinha aquela familiaridare com os predios também havia as mudanças.
Lendo seu post parece que de certa forma fui transportada para aquele dia.
Eu imagino o quanto você se sentiu nostalgica pelas suas memorias e ao mesmo tempo tendo a sensação que ali não é mais seu lar.
Amei o texto
(Não conhecia essa musica do The Beatles ,vou ir ouvir)
Babi
Oi Luli
Eu lembro que certa vez eu fiquei alguns anos fora da cidade que eu moro atualmente .
Foram 2 anos,mas quando voltei para ca , eu olhava pela janela do carro os lugares e ao mesmo tempo em que tinha aquela familiaridare com os predios também havia as mudanças.
Lendo seu post parece que de certa forma fui transportada para aquele dia.
Eu imagino o quanto você se sentiu nostalgica pelas suas memorias e ao mesmo tempo tendo a sensação que ali não é mais seu lar.
Amei o texto
(Não conhecia essa musica do The Beatles ,por nome ao menos ,vou ir ouvir ?)
Meu mundinho quase perfeito
hellz
OI LULY
que bom que você tá de volta!
então… nossa, eu também não nasci pra cidade pequena, mas infelizmente ainda não tive a oportunidade de ir embora daqui. Tudo no tempo certo, né? Oremos.
Achei uma fofura toda a sua reflexão. É como valorizar o passado, mas agradecer pelo presente ter seguido em frente.
Eu imagino que a cidade em que você morou quando mais nova deve ser muito bonitinha. Só por essa foto com esse fundo cheio de árvores deu pra sacar.
beijo
http://www.beinghellz.com.br
Yanna
Ai que legal!! Tem lugares que nos trazem muitas memórias mesmo né? As vezes fico olhando paras minhas antigas escolas e relembrando os momentos bons haha Adorei o texto!!
Beijoos
Yanna Karim