Exposição “Maxita Yano”, na Galeria Claudia Andujar de Inhotim

Exposição “Maxita Yano”, na Galeria Claudia Andujar de Inhotim

Em comemoração aos dez anos da Galeria Claudia Andujar, localizada no Eixo Rosa do Instituto Inhotim, foi aberta ao público no último sábado, 26 de abril, a exposição coletiva Maxita Yano, composta por fotografias e vídeos. Quando inaugurada, lá atrás, a galeria reunia mais de quatrocentos trabalhos da artista suíça que lhe dá nome, conhecida por registrar, ao longo de seis décadas, a vida, os rituais e os costumes do povo Yanomami — trabalho essencial e pioneiro na visibilidade dos povos originários através da arte. Desde o princípio, portanto, o espaço foi concebido para dar esse destaque, e nesta nova fase não poderia ser diferente… A proposta agora se expandiu ao trazer a narrativa diretamente na primeira pessoa, com obras de 22 artistas indígenas de diferentes territórios da América do Sul, tornando a experiência ainda mais potente.

Parede da exposição onde se vê, em primeiro plano, duas fotografias em preto e branco, ao centro quatro fotografias coloridas e, ao fundo, outros conjuntos de obras.

Parede com quatro fotografias com fundo escuro, preto, e rostos de pessoas também escuros, onde se destaca pinturas em tons de neon.

Parede com dez fotos em preto e branco do rosto de pessoas indígenas

“Maxita Yano” é uma expressão da língua Yanomami que significa “casa de terra”. Esse já era um “apelido” da galeria dado por eles à época de sua abertura, e agora sob a curadoria de Beatriz Lemos o título da mostra complementa o nome, reforçando o fato de que histórias e ancestralidades, por tanto tempo silenciadas ou retratadas principalmente sob o olhar não-indígena, passam a ser vistas por quem as protagonizam. Artistas como Graciela Guarani, Tayná Uràz, Julieth Morales e Denilson Baniwa agora estão lado a lado com a própria Claudia Andujar, transitando entre documental e poético, o que junto com a estrutura do lugar, cercado do paisagismo do museu que é visível em alguns pontos, cria atmosfera de imersão profunda, convidando o visitante a escutar essas vozes e assistir suas visões de mundo, com respeito e admiração.

Recorte de uma parede com fotografias coloridas  de espaços e pessoas indígenas

Políptico com fotos verticais e horizontais de comunidades indígenas, todas em cor.

Quatro fotografias de pessoas indígenas, duas em close e duas mostrando parte dos corpos, sendo a primeira delas uma criança e as outras adultos.

Apesar de ser belíssimo ver as fotografias de cores vivas se destacando sobre o preto, são as imagens em preto e branco, onde a luz expressa as formas e movimento, que mais gostei. Elas fogem da estética estereotipada e colonialista que estamos acostumadas, é um jeito muito natural e realista de retratar esses povos, uma vez que olhar vem de dentro. A expografia foi bem cuidadosa na disposição e agrupamento das imagens, super sensível, dessas que causam sorrisinhos ao ver as risadas retratados, sabe? Se alguém entra lá esperando ver devastação, com certeza sairá decepcionado, porque a representação não é de dor e sim de cultura, costume, tradição e convivência. Os vídeos, em especial, são muito bonitos, mesmo, quase hipnotizante de parar pra apreciar. Deixei um pedacinho Reels que publiquei lá no meu Instagram.

Conjunto de três fotografias em preto e branco de crianças indígenas, a primeira na horizontal e as duas outras na vertical. As crianças estão sorrindo e posando para as fotos.

Instalação com redes vermelhas na porta da galeria, com piso coberto de pedras e paisagismo de plantas ao fundo

Um homem e uma mulher abraçados, ele de camisa, boné e barba pretos, ela de cabelos e jardineira cor de rosa e blusa azul, os dois sorrindo e posando para a câmera, com o paisagismo de Inhotim visto ao fundo

Em tempos em que a arte genuinamente indígena finalmente começou a ocupar os espaços institucionais de forma mais ampla, Maxita Yano se destaca como uma exposição essencial pelo modo como apresenta, com voz, presença e pertencimento. É sempre uma alegria estar nas aberturas por lá, e essa não foi diferente… Meu convidado da vez foi o Gugui, pra quem apresentei o Inhotim em 2009 e com o qual tenho a tradição de visitar quase anualmente desde que comecei a trabalhar com arte contemporânea. Ele, por sinal, também adorou! A exposição pode ser visitada de terça a sexta, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. Recomendo muito a visita de coração aberto e tempo livre, porque é dessas mostras que ficam na cabeça, com a gente por um bom tempo!

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  • Daninha

    Inhotim sempre me surpreende, mesmo não devendo, com a beleza de suas exposições.

    responder