Eu não dei conta (mas ainda posso chegar lá!)

Eu não dei conta (mas ainda posso chegar lá!)

Nesses (quase) 18 anos de(sse) blog, não dei conta de publicar posts em apenas dois meses, dois maios, em 2005 e 2013. O primeiro sei que foi época de recuperação parcial do 1º ano do colégio, período puxado, e fica justificado porque eu provavelmente tava lá, estudando que nem louca. O segundo, ironicamente, foi o contrário: pós formatura e fim do último estágio, antes de ser contratada pelos 2 clientes que tive naquele semestre, os primeiros da vida, entrei num limbo, num período de não ter muito o que fazer e ficar totalmente desesperada com isso… Afinal tinha acabado de me tornar bacharela num curso de artes, sabia que o que estava ali pela frente não seria nada fácil. Depois voltei aqui, feliz da vida, contando sobre meus dias sem me importar de verdade com essa ausência, só blogando com a boa e velha leveza de sempre.

Mas NUNCA, em momento algum, eu pulei dois seguidos e cheguei a ficar 3 meses sem postar aqui, que é o que completo hoje.

Tô tentando ficar de boa com isso, mas não consigo. Nem é uma questão de me pressionar, me obrigar a ser constante, de saber que a ausência diminui minha relevância, pipipi, popopo. Já passei dessa fase! Eu tento me pressionar é porque GOSTO de ser constante. Gosto, AMO, produzir conteúdo, aqui e no Vênus em Arte e em todos esses lugares nos quais, por conta do fato de que infelizmente não nasci rica e preciso dedicar muito tempo de vida buscando formas de ganhar dinheiro, estou sempre muito mais ausente do que gostaria. E quando levantei hoje e percebi que nunca consegui terminar os posts que comecei nesse meio tempo, e pretendia publicar com datas retroativas apenas para não deixar esses meses passar em branco, entendi que era hora de deixar essa ausência registrada, porque ela é parte do momento que estou vivendo. E cá estou!

Mais do que meu veículo favorito de produção de conteúdo, esse blog está aqui para registrar minha vida. Foi pra isso que ele nasceu, é pra isso que ele mais me é útil, quando sento diante dos meus Arquivos e simplesmente clico num link antigo qualquer, só pra relembrar aquela Luly do passado e seu mundinho que acho, obviamente, delicioso. Fingir pra Luly do futuro que eu estava aqui, deixando esses registros pra ela também, seria uma mentira, e eu não quero mentir porque sei que, lá na frente, vou acreditar no que eu mesma escrevi com a mesma intensidade que acredito no que foi escrito lá atrás. Nem é uma questão de NUNCA mentir pra NENHUMA pessoa nessa vida, não. Eu faço isso, sim. Mas pra mim, nossa, não quero fazer mais.

Então resolvi ser sincera, comigo e com o blog, e com vocês também: nesses últimos 90 dias eu não dei conta!

Foto da boneca Joanne referente ao trecho Eu não dei conta do texto, vista à partir da parte de cima da sua cabeça, de forma que são visíveis os olhos e óculos na parte de baixo e o corpo segue em direção ao topo da foto. Ela segura uma caneca de chocolate quente, com um coelho de pelúcia rosa ao lado.

Ia fazer uma grande comemoração de 100 anos da Semana de Arte Moderna de 22 em janeiro e fevereiro, mas não dei conta. Ia lançar cadernos incríveis no Expresso Rosa, cujas capas estão impressas há tempos e me custaram um momento MUITO TENSO em que fiquei presa em um lugar bizarro quase sem conseguir voltar pra casa, mas não dei conta. Ia fazer 6 posts por mês, contadinhos no planner, aqui no blog, mas não dei conta. Ia manter meu quarto arrumado e me maquiar por completo de formas diferentes três vezes na semana, mas não dei conta. Ia ser uma aluna exemplar no curso de Expografia do CEFART pra honrar o nome que construí por lá, mas não dei conta. Ia até voltar a estudar LIBRAS porque meio que já esqueci tudo o que aprendi, mas não – dei – conta. É isto!

Por outro lado dei conta de tanta coisa que fica até difícil citar. Lidei com meu quarto sendo alagado DUAS VEZES, graças a um telhado que supostamente foi arrumado na primeira, mas a segunda provou que não. Consegui, numa surpresa maravilhosa da vida que jogou isso diretinho aqui no meu colo, meu primeiro emprego de carteira assinada, que obviamente toma grande parte do meu dia e já explica a bagunça da minha rotina que preciso organizar. Lancei uma newsletter, a “Hello, hello, pessoal!”, um lugar onde mensalmente vou dar uma desabafada sobre algo que me aflige e receber os desabafos de quem lê em troca. Até comecei o tal especial sobre Modernismo Brasileiro e tava ficando muito bom, e é bom nesse nível que ainda vou terminar. Porque eu não dei conta, mas vou chegar lá!

Ante-ontem, depois de sair de um evento do governo do Estado pro qual fui convidada lá no Palácio das Artes (porque sim, essa blogueira que vos fala foi notada pela maior instituição cultural de Minas Gerais), liguei pro meu pai pra papear e contei que, mais cedo naquele dia, tive minha primeira aula de francês com Amayi, minha amiga quase desde que o blog nasceu. Ele então ficou em silêncio por um segundo, perguntei se LEMBRA dela (vai que, né?) e ele disse “Claro que lembro, a Amayi eu sei quem é, o que eu não sei é que tempo é esse que você acha que tem pra fazer mais coisa na sua vida!”. Eu ri, porque sei que ele tá certo, que faço muito mais coisas do que consigo desde que me entendo por gente, aos apertos e tropeços, nem perfeito, nem de qualquer jeito, mas faço.

Mas essa sou eu e, por mais do que já tenha entendido que não consigo abraçar o mundo com as pernas, pelo menos uma parte dele vou continuar tentando segurar, sim!

Foto da boneca Joanne referente ao trecho Mas ainda posso chegar lá do texto, agora vista na posição normal, recostada no fundo rosa lendo um caderno d ecapa da mesma cor, com o chocolate quente no colo. Ao seu lado há outros cadernos, um urso de pelúcia e um espelho de mão rosa.

Fotos do meu perfil @lulydolls no Instagram.

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  • Daninha

    É uma pena quando aquilo que se gosta de fazer, que poderia ser uma forma de sustento, se torna secundário justamente por não o ser, tendo a necessidade de focar em algo diferente.
    Sei que gosta do seu trabalho, mas também que gosta mais daqui (que também é um trabalho, mas não tem a carga financeira dos outros) e, sendo sincera, é melhor aqui também.
    Você nasceu pra escrita mais que qualquer outra área artística, mas é isso aí, ainda não chegou no nível disso ser o que poderia e deveria.
    Enquanto não chega lá, continue pelo menos com o possível, pois vale muito a pena ler e acompanhar daqui <3

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  • Ryan

    Eu sei como eh! Eu tbm estou muito ocupado e n paro de aprender e fazer coisas novas e ocupando mais o meu tempo kkkkk

    Soh chocado q por todos esses anos vc nunca tinha deixado de postar exceto 2 meses! Eh muito legal ver o seu trabalho pq vc ama o q faz!

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  • Milo Ambrus

    Linda e honesta postagem, adorei, Luly! Realmente a gente deve se respeitar e dar tempo ao tempo, escrever quando nos apetece, não por obrigação, não é mesmo? Vou seguir você no Insta porque vou querer umas bonequinhas, seu trabalho é incrível! ?

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  • Adriel

    ai, amg. que post mais sincero, lindo, verdadeiro…

    posso dizer, sem dúvida alguma, q essa foi a leitura mais linda q li hoje. se colocar numa situação vulnerável e partilhar desses sentimentos te torna ainda mais humana e honesta consigo mesmo.

    assim como as outras pessoas já disseram nos comentários, a gnt vê a sua dedicação e amor pelo o que faz na internet. infelizmente, isso não se transformou na sua principal fonte de renda, mas traz um pouco de realização pessoal. portanto, não pare. mas vai no seu tempo. com paciência, calma e foco.

    estarei na torcida pelo trampo novo e por mais coisas novas. <3

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  • Cris

    Acho muito legal da sua parte compartilhar sua ausência aqui, porque ausências fazem parte, não dar conta faz parte e tá tudo bem. Você não precisa fingir aqui que tá tudo bem o tempo todo, não é mesmo? É o seu cantinho, seu refúgio, e ele vai estar sempre aqui pra você.
    Fico triste por aqui não ter se tornado sua fonte de renda, mas fico feliz por você ter conseguido um emprego. Espero que esteja gostando e que logo você consiga dar conta das coisas do seu jeitinho. Mas não se cobre, o importante é fazer de uma forma que você se sinta feliz.
    Beijos! =**

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  • Vitória Bruscato

    Não dar conta faz parte, e eu te entendo 100%. Trabalhar com arte e ainda querer se dedicar a vários projetos que nem trazem lucro + lidar com toda a doidera que é viver…não tem quem dê conta.
    Que bom que você voltou, mas siga seu ritmo! Se aqui tiver post novo só daqui há 12 meses, pode ter certeza que nós, que gostamos do seu conteúdo, estaremos aqui pra ler. 🙂

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  • Leslie Leite

    Oi Luly,
    Confesso que sinto o mesmo com o meu blog, mais do que gerar conteúdo, ele é meu espaço na internet, o lugar onde posso simplesmente sentar e escrever. No meu caso, o blog nasceu em 2013, mas apenas a partir de 2015 eu comecei a postar com frequência, e me sinto mal por que agora que me encontro grávida, não tô dando conta também! Nos primeiros três meses de gestação eu sumi do blog, e depois, postei esporadicamente. E há várias outras coisas que não estou conseguindo fazer, hoje mesmo, eu só sentei e chorei, pois me sinto sobrecarregada e meu perfeccionismo me crítica pelo que não fiz. Então, estou tentando me organizar e me focar no que consigo fazer.
    Sinta-se abraçada, te entendo perfeitamente.

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