Era Uma Vez em… Hollywood

Era Uma Vez em… Hollywood

Era Uma Vez em… Hollywood (Once Upon a Time in… Hollywood) *****
Era Uma Vez em... Hollywood Elenco: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Rafal Zawierucha, Damon Herriman, Austin Butler, Mikey Madison, Madisen Beaty, Dakota Fanning, Kurt Russell, Al Pacino, Lena Dunham, Dallas Jay Hunter, Brenda Vaccaro, Margaret Qualley, Lorenza Izzo, Zoë Bell, Bruce Dern, Costa Ronin, Craig Stark, Damian Lewis, Danielle Harris, Dreama Walker, Eddie Perez, Emile Hirsch Jay, Harley Quinn Smith, James Landry Hébert, James T. Schlegel, Julia Butters, Kansas Bowling, Keith Jefferson, Lew Temple Land, Luke Perry, Maurice Compte, Maya Hawke, Mike Moh, Nicholas Hammond, Rachel Ashley Redleaf Cass, Rebecca Gayheart, Rebecca Rittenhouse, Rumer Willis, Samantha Robinson, Scoot McNair,Spencer Garrett, Sydney Sweeney, Timothy Olyphant, Victoria Pedretti
Direção: Quentin Tarantino
Gênero: Drama, Policial, Ação
Duração: 165 min
Ano: 2019
Classificação: 16 anos
Sinopse: “”Era Uma Vez em… Hollywood” revisita a Los Angeles de 1969 onde tudo estava em transformação, através da história do astro de TV Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) e seu dublê de longa data Cliff Booth (Brad Pitt) que traçam seu caminho em meio à uma indústria que eles nem mesmo reconhecem mais.” Fonte: Filmow.

Comentários: Era Uma Vez em… Hollywood é o 9º filme dirigido, roteirizado e produzido pelo cineasta Quentin Tarantino e concorre a DEZ CATEGORIAS do Oscar 2020, cuja premiação irá acontecer hoje à noite: Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Diretor, Melhor Ator (Leornardo Di Caprio), Melhor Ator Coadjuvante (Brad Pitt), Melhor Fotografia, Edição de Som, Figurino, Direção de Arte e Mixagem de Som (ufa!). Sediado na Hollywood dos anos 60, ele conta a história fictícia de Rick Dalton, astro de televisão, e seu amigo e dublê Cliff Booth, que em dado momento se cruza com acontecimentos baseados em fatos reais relacionados ao brutal assassinato da atriz e modelo Sharon Tate, interpretada por Margot Robbie, cometido pelo famoso grupo de criminosos à época conhecido como Família Manson.

Então antes de falar do filme em si, caso você não esteja familiarizado com o que aconteceu de verdade… Senta que lá vem história!

A “Família Manson” foi um grupo de seguidores do criminoso Charles Manson em Los Angeles na década de 60. Anteriormente músico, ele passou a reunir jovens homens e mulheres, muitos dos quais usuários de drogas saídos de lares ricos onde não se encaixavam, para morar em Spahn Movie Ranch, vivendo dos golpes cometidos e, ocasionalmente, busca por comida descartada em latas de lixo da cidade. Em agosto de 1969, um ano após se casar com o cineasta Roman Polanski e a 15 dias de dar a luz ao primeiro filho do casal, Sharon Tate e seus amigos foram assassinados a tiros, espancamento e facadas (tendo ela própria levado 16, algumas direto na barriga ainda grávida) por alguns dos seguidores de Manson, que naquela madrugada também assassinaram o casal LaBianca, deixando em ambas as casas mensagens escritas a sangue com referências a música dos Beatles, que seu líder idolatrava. O Caso Tate-LaBianca foi um dos fatores responsáveis pelo grupo ser identificado e condenado, e muitos deles ainda cumprem pena de prisão perpétua pelos crimes cometidos.

Eu realmente não sabia o que esperar desse filme, mas nada que passou pela minha cabeça antes de assisti-lo chegou perto do que foi de verdade. Tenho CERTEZA que vai levar a estatueta de Roteiro Original (podem me cobrar mais tarde vixi, errei, mas Parasita mereceu!) porque é até difícil descrever o quanto gostei sem revelar demais. QUALQUER COISA que eu disser revela demais. A linha do tempo é linear e ainda assim incomum, o narrador só aparece quando pertinente, mas não soa “solto” ali. Um filme sobre fazer filmes, suas personagens interpretam personagens, cenários são movidos para deixar claro que são cenários, e um elenco que, nossa, faltam palavras pra descrever. A única vez que gostei da atuação de Brad Pitt além dessa foi em “Bastardos Inglórios”, do mesmo diretor, e mais uma vez a combinação foi ideal. Leonardo diCaprio também está melhor do que nunca, melhor do que em “Django Livre”, melhor em um nível que dava vontade de continuar vendo o filme que Rick Dalton estava fazendo, até esqueci em um momento que aquele não era seu papel e sim o papel de seu papel. Margot Robbie também está melancolicamente linda e todo o resto, de coadjuvantes relevantes ao apoio, foi selecionado a dedo para impressionar.

Falando de estilo pessoal, foi bem surpreendente pra mim a ausência de algumas “tarantinices” ao longo da história, começando pelo fato de que ele, Samuel L. Jackson e Christoph Waltz não compõe o elenco. Um ou dois eu já esperava, mas faltar todos os três foi uma surpresa que não comprometeu em nada no enredo. Quase não teve “fumacinha de sangue”, aquele ar trash meio “galhofa” ficou meio de lado e, ainda assim e ainda bem, dá pra perceber de quem é o longa. Ele faz, é claro e como sempre, homenagens às suas obras anteriores ao citar a marca de cigarros Red Apple (presente em vários deles), mostrando personagens andando em frente ao mesmo painel do LAX por onde passou Jackie Brown em uma de suas cenas mais famosas, a breve repetição de “fogo nos nazistas” como referência a Bastardos Inglórios (um dos meus momentos favoritos da história do cinema) e vários easter eggs relativos a Kill Bill. Isso já lhe é comum, mas uma vez que é um filme que homenageia o cinema dessa vez, em especial, não podia faltar esse tipo de coisa tanto referente a seus filmes, como também vários outros de terceiros.

Era Uma Vez em... Hollywood

Imagem via Veja

É também o filme com menos “tempo em tela” de cenas de violência que já vi dele, mesmo se comparado a Jackie Brown que considero o mais leve. Na verdade existem apenas dois momentos sangrentos, um bem no meio e outro no clímax, e esse compensou toda a ausência anterior superando até mesmo Os Oito Odiados. Apesar de gostar de toda a filmografia do cara eu sou, e confesso, bem fresca pra essas coisas, então quando vi que os rumos estavam exagerados simplesmente peguei o celular e fiquei mexendo sem olhar pra tela, apenas ouvindo gritos e pancadaria enquanto minha visão periférica me dava uma ideia do que estava acontecendo. E eu sei que muita gente que o conhece pode pensar “Ah, violência e Tarantino, que surpresa!”, mas juro, é realmente indigesto, apesar de obviamente esperado.

De um modo geral você quase não entende o objetivo das duas primeiras horas de filme, o que pode ser bem cansativo se não puder fazer intervalos, até tudo enfim fazer sentido nos quarenta minutos finais, onde ela se desenrola de verdade. Eu não conseguia entender COMO a família da Sharon Tate tinha autorizado usar os acontecimentos que desencadearam na sua morte numa obra agora, só 50 anos depois, enquanto tudo estão tão recente, ainda mais se tratando de um crime tão brutal. Cheguei a ler que a irmã dela inicialmente negou e só aceitou depois que o próprio Tarantino deixou que lesse o roteiro, o que a fez não só permitir como também elogiar. E foi chegando ao final que entendi. Os últimos minutos me trouxeram lágrimas que eu já sabia que viriam, mas por motivos inesperados, e deixaram meus braços REALMENTE arrepiados. E por mais que eu seja contra o uso da violência “tarantinesca” em qualquer momento da vida, foi inevitável pensar em toda a parte não real da história e imaginar “E se…?”.

Trailer:

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  • Luana Souza

    Eu sei bastante coisa sobre o caso Manson, inclusive quer ler logo a biografia do famigerado homem… quando li o nome desse filme pela primeira vez ele me soou como algo pastelão. Quando soube que era sobre esse assassinato fiquei receosa por achar que estavam glamourizando algo tão horrível. Mas depois de ler as críticas percebi que o filme parece carregar muito mais surpresas e sensibilidade.
    Depois do seu post ele se tornou uma dos que mais quero assistir! Estou curiosa <3

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  • Vitória Bruscato

    Esse filme parece ser muito bom, apesar de eu não ter ouvido falar sobre ele antes de ser indicado ao tio Oscar. Sei que o Tarantino é famoso por boas obras e essa não deve ser diferente.

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  • Amanda Rocha

    Eu sou grande de fã do Tarantino e como gosto de estudar serial killers também, fiquei bem curiosa ao saber que esse filme retrataria o Charles Manson. Infelizmente ainda não tive a oportunidade de assistir. Agora com sua análise do filme quero ainda mais!

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  • Cris Santos

    Não assisti o filme ainda,mais fiquei bem curiosa ,com toda certeza deve ser incrível.

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  • Malu Silva

    Ainda não vi o filme e também não sei bem o que esperar, porém depois do Oscar fiquei mais curiosa pra assistir. Sinto que vou boiar nas referências que ele faz, mas ainda assim quero conferir o resultado.

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  • Adriel

    oiê!

    já coloquei o filme na minha listinha pra ver no fds. simplesmente amei a ideia de um filme falar sobre um filme!!?? vendo o trailer, achei a fotografia dele tbm incrível. <3

    lendo a sua opinião, lembrei de "The Room". mas nem tenho coragem de comparar os dois porque um só tem clássicos do cinema, já "The Room" é uma loucura de filme. (às vezes penso que foi um surto coletivo e ele nunca existiu. huahauaua)

    bjs!
    Não me venha com desculpas

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  • Anna Caroline

    Chocada que o filme e assim. Não imaginava o que é até ingenuidade vindo do Tarantino. Mas enfim, eu baixei o filme e vou assistir em breve. Adorei sua resenha!

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  • Juliana sousa

    Parabéns pela resenha! Eu assisti ao filme e amei! Achei o filme muito bem produzido e pensado. Bem a “cara” do Tarantino.

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  • Erica Oliveira

    Vou te falar uma coisa, esse filme está na minha lista já tem um tempo e não consegui (até então) me empolgar pra assistir. Mas você consegue de uma maneira nos levar até a histórias e acontecimentos que nos deixam com muita curiosidade e confesso que agora estou com muita vontade de assistir.

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  • Ane Carol

    Gostei de você ter dando um contextualização do filme. Quando eu o assisti dei um google para entender melhor o plano de fundo da história. Assim como você também achei que o “tempo em tela” de cenas de violência neste filme foi pequena em comparação ao demais filme do diretor, mas ainda sim foi bem intenso.

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  • Ruby | Epílogo em Branco

    Ainda não decidi se quero assistir esse filme ou não, eu sou bem chatinha com filmes, na verdade, mas pelo que eu ando vendo sobre Era Uma Vez em Hollywood, ele parece ser um ótimo filme para quem gosta desse estilo.
    Adorei sua critica!

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  • Fernanda Akemi

    Eu ainda não consegui assistir esse filme, apesar da enorme vontade, pois gosto de estudar sobre serial killers e não tinha ainda reparado no tempo que tem, mais de duas horas. Fiquei besta agora.
    Sua análise me deu uma boa ideia do que esperar e com certeza deixou minha vontade de assistir ainda maior.

    bjs

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