Dois Papas (The Two Popes)
Elenco: Jonathan Pryce, Anthony Hopkins, Cristina Banegas, Juan Minujín, Luis Gnecco, Renato Scarpa, Dilma Rousseff, Papa Francisco, Bento XVI
Direção: Fernando Meirelles
Gênero: Drama
Duração: 125 min
Ano: 2019
Classificação: 14 anos
Sinopse: “Filme centrado na relação entre o Papa Bento XVI e o Papa Francisco. Produção da Netflix com direção do brasileiro Fernando Meirelles (Cidade de Deus). O filme explora o relacionamento e as visões opostas entre dois dos líderes mais poderosos da Igreja Católica, que devem abordar seus próprios passados e as demandas do mundo moderno para guiar a igreja para a frente.” Fonte: Filmow.
Comentários: Dois Papas, filme da Netflix dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, concorre a três estatuetas no Oscar 2020, que acontecerá nesse domingo (09): Melhor Roteiro Adaptado (Anthony McCarten), Melhor Ator (Jonathan Pryce) e Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins). Nele vemos uma história de ficção baseada em fatos reais onde McCarten sugere como seriam os acontecimentos entre 2005 e 2013 no Vaticano, da nomeação à renúncia de Bento XVI, se ele e o Papa Francisco tivessem estabelecido uma relação de amizade nesse meio tempo. Com fotografia belíssima, diálogos extremamente bem trabalhados e uma dose de humor em meio a muito drama, suas duas horas de duração fluem de maneira muito tranquila mesmo para aqueles que não estão tão inseridos na temática principal.
Digo isso na pele de uma pessoa que não segue qualquer religião, mas foi criada por duas famílias católicas, então frequentei a igreja por um tempo, não por me identificar mas também sem ser forçada, e acompanhei de certa forma alguns episódios retratos nele. Quando Bento XVI assumiu o título eu estudava em um colégio católico onde cheguei a ser crismada meses depois, e sua decisão de sair do cargo veio logo após ser escolhida como madrinha da minha irmã no mesmo sacramento. Essa conexão com o momento torna a narrativa mais interessante, traz as lembranças de “O que eu estava fazendo nesse dia?” quando algumas cenas apareciam na tela.
No que diz respeito à parte técnica, o filme é IMPECÁVEL, com total destaque para as duas atuações protagonistas inquestionavelmente maravilhosas. Maior parte do roteiro gira em torno de conversas não verídicas entre eles, que tornam aquelas figuras quase mitológicas no nosso cotidiano no que eles são realmente: seres humanos. Pessoalmente sempre tive antipatia por Bento XVI, assim como tenho por qualquer órgão ou personalidade que representa e age através do conservadorismo, e no que diz respeito a Francisco sinto o contrário, acho importantíssimo que entidades tão antigas e arcaicas sejam guiadas por uma mente progressista. Ver erros e acertos vindos de ambos os lados ajudou muito a enxergar duas pessoas, não meras autoridades.
A obra também faz uso de cenas históricas, atuadas e documentais, que mostram muito além do breve intervalo de tempo onde é focada, pontuando o regime militar ocorrido na Argentina entre as década de 60 e 70, incluindo vídeos reais das Mães da Plaza de Mayo, e a existência do muro de Berlim na Alemanha, nações dos dois Pontífices retratados. São tomadas bastante sentimentais e até questionadoras sobre a Igreja em si. Uma vez que o final do mandato de Bento XVI foi rodeado de escândalos onde foram revelados vários podres da mesma, isso fica inevitável, mas ele não chega a de fato invalidá-la como organização, de fato. Ao fim, durante os créditos finais, alguns minutos de descontração em meio ao emotivo onde eles assistem à final da Copa do Mundo de 2014 em que seus países se enfrentaram, e por mais que também não tenha acontecido de verdade é bem divertido de se ver, principalmente sabendo que Francisco é, de fato, apaixonado por futebol.
Leia também: Democracia em Vertigem, resenha do filme brasileiro que concorre ao prêmio de Melhor Documentário no Oscar 2020.
E claro que não podemos deixar de falar da trilha sonora, um dos pontos altos da história. Durante o enredo temos referências populares que ajudam o expectador a se identificar, começando por “Dancing Queen”, do ABBA (minha música favorita!) e terminando com “Blackbird”, dos Beatles… Ver duas bandas tão queridinhas ali foi algo que eu não esperava e ajudou na identificação mais um pouquinho. Também gostei de encontrar o momento onde eu de fato tinha algo em comum com duas pessoas com uma vida tão diferente da minha, ao ver Bento XVI aficionado por refrigerante e Papa Francisco jovem lendo “A Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire que é, hoje, a bibliografia base da minha monografia de pós-graduação que está em processo. Meirelles é diretor do filme nacional que mais gosto, “Cidade de Deus”, e fez jus à expectativa dessa vez também.
Yasmin
Dois atores incríveis com uma história da qual pouco se sabia, adorei ao assistir! Ah, que trilha foi essa, né? Me arrepiei com Blackbird, mesmo!
E bom ver sua conexão com o filme/história ao relembrar da época. ^^
Beijão
Amanda Moresco
Fiquei muito afim de assistir a esse filme agora, vou dar uma procurada na Netflix! E que bacana que um filme de peso como esse foi dirigido por um brasileiro – histórias assim motivam a vida de brasileiros 🙂 Também fui crismada, guria, mas na obrigação, né… minha família é extremamente católica, em um nível até desrespeitoso, e por isso hoje em dia fujo de religiões rígidas e dogmáticas. O filme, entretanto, será bem interessante de assistir 🙂
Luly Lage
Eu até que optei por crismar, sabe, mas daquele jeito, né… Se não tivesse feito no colégio provavelmente seria gentilmente forçada a fazer na igreja, então achei melhor num ambiente onde pelo menos conhecia pessoas porque eu era MUITO tímida. Mas, assim como você, hoje tenho pa-vor de religião, hahahahaha!
Vitória Bruscato
Quero muito assistir a esse filme tanto pela indicação ao Oscar quanto pelas críticas positivas que eu vi por aí. Achei muito bacana o lance de relacionar os acontecimentos da época do filme com a sua vida.
Ah, e como boa viciada em trilhas sonoras, já vi que vou amar essa!
Patricia Monteiro
Eu adorei Dois Papas! Achei os diálogos geniais e a interpretação dos dois atores magistral, estavam com uma conexão muito afiada! Gostei muito de conhecer o passado do Papa Francisco, quanto sofrimento deve ter passado. O final foi épico, adorei!
Luana Souza
Eu vi muita gente falando desse livro e sempre pensei “deve ser uma chatice”. Eu sai da igreja católica há anos, e por isso acredito que meu pensamento foi ligado justamente a esse afastamento. Mas depois de ler seu post (que ficou ótimo) fui ver o trailer e, realmente, parece ser bom… ótimo até hehe. Os diálogos dos dois, mesmo aparecendo só alguns ~picados~ me deixaram curiosa! 🙂
Paulinha
Luly, quero ver este filme e gostei de ler sua review para eu ficar mais animada. EU AMO a canção DANCING QUEEN do ABBA – toco ao piano e sempre está nas minhas trilhas sonoras de road trips.
Fiquei interessada em ver o filme desde que soube que era direção de Fernando Meirelles, que também gosto muito.
Obrigada por mais esta review – que são sempre detalhadas, muito bem escritas e com seu toque pessoal.
Bjos
Erica Oliveira
Eu não sou católica mas estou super curiosa para ver esse filme, primeiro por todas as boas críticos rolando em torno da história, segundo pq realmente falam que tecnicamente está perfeito e segundo pq vivemos esse momento de transição (mesmo não sendo católica eu acompanhei essa transição) o que imagino deixa tudo mais interessante. Para finalizar, a trilha sonora que é maravilhosa!!
Malu Silva
Caramba, eu PRECISO ver esse filme! Não só pelos comentários positivos, mas pela curiosidade da narrativa mesmo. O meu namorado também quer muito assistir, então acho que nesse fim de semana vamos finalmente ver <3
Janaina Braga
Oi, você me convenceu a assistir. Não sou Cristã, sou pagã. Mas para critério de conhecimento, procuro estudar a fundo essas questões religiosas… e é o que me leva a cada dia, estar satisfeita com a minha escolha. Essa diferença cultural entre os dois papas realmente é um baque muito grande. Mas acho que o Papa Francisco foi necessário, mesmo para segurar a tempestade que chegava a Igreja.
Gislaine Motti
Eu me esforcei esse ano para ver os filmes indicados ao Oscar, mas infelizmente não consegui assistir todos. Dois Papas foi um dos que eu queria muito ver, mas faltou tempo – o que, obviamente, não vai me impedir de ver em breve. Não me é uma temática próxima (além de não ser ligada em religião, fui criada por duas famílias evangélicas – sei pouco ou quase nada de catolicismo) mas o pouco que vi do filme me fez ter muita vontade de ver, pelas reflexões que traz.
Literalize-se
Paty Poltronieri
Ainda não assisti, mas fiquei interessada em assistir, parece ser muito interessante e vi várias pessoas falando muitoooo bem dela.
Erika Monteiro
Oi Luly, tudo bem? Já apareceu como indicação pra mim até salvei mas ainda não assisti. Um pouco atrasada sendo que o Oscar foi no domingo. Aliás, tem vários filmes que queria ter assistido antes da premiação mas não consegui. Por falar em Oscar não tinha ideia que Parasita seria a grande aposta da noite. Estava otimista quanto a Coringa, porém fui surpreendida. Achei legal os itens que você pontuou sobre o filme. Venho de uma família muito católica, uma mãe devota e que tem a igreja como uma segunda família. Já imagino que minha mãe queira assistir. Um abraço, Érika =^.^=
Lorena
Oi Luly!
Nossa eu me sinto uma farsa por ainda não ter me permitido assistir esse filme. Ele está na minha lista do netflix para poder dar uma chance. Eu sou cristã e nunca acompanhei os movimentos do Vaticano, mas vi tantos elogios que com toda certeza vou assistir, antes do carnaval se tudo der certo hahaha
Luma Vieira
Oiiii LuLy, assisti este filme e gostei demais, e ainda melhor saber estes detalhes aqui atraves da sua postagem. Ficamos aqui na torcida para as premiações ainda mais por ter um diretor BRA. Cinema é muito especial ainda mais para nos. Beijos
Paula Marcondes
Está na minha lista de filmes a serem assistidos. Acho que é um filme denso e merece que seja visto e revisto. E bem, um filme com Anthony Hopkins….falar o quê?