Café Orpheus – Marianna Moura

Café Orpheus – Marianna Moura

Café Orpheus
Capa do livro Café Orpheus, de Marianna Roman. A arte tem fundo em tons de azul arroxeado, com estrelas espalhadas. Ao centro, o título aparece em tipografia branca cursiva. Acima dele, a silhueta de duas pessoas de perfil se sobrepõe a um skyline urbano estilizado em tons de lilás. Na parte inferior, há uma xícara lilás de onde sobe um vapor rosado que se integra ao desenho das silhuetas. Autora: Marianna Moura
Gênero: Romance, Drama
Ano: 2025
Número de páginas: 75 p.
Editora: Mona Editorial
Sinopse: “Wyatt é um jovem escritor que tem o coração partido e perde sua inspiração para continuar suas histórias. Ambrose é um jovem músico que quer aproveitar a vida e valoriza muito cada instante. Suas histórias se cruzam num badalado café de Nova Jersey, o Café Orpheus, e esse encontro vai mudar a vida dos dois para sempre.”

Observação: A edição presente nas fotos é antiga, com título, arte e pseudônimo da autora diferentes da publicação que será realizada em breve pela Mona Editorial, em versão estendida. Se trata, porém, do mesmo livro, usei essas imagens porque são do volume físico que tenho!

Comentários: Comecei a leitura de um livro que se abre em uma estação de trem sentada no bando de uma rodoviária… Essas coincidências da vida! Eu estava em Montes Claros, esperando dar o horário de um trabalho que tinha ido fazer por lá, e escolhi Café Orpheus como minha companhia para esse momento da viagem, justamente por ser compacto e confortável de carregar (além de estar bem afim de engatar num romancinho, não vou negar). Sendo sincera, já tinha me blindado um pouco das resenhas, queria descobri-lo sozinha, e essa sincronicidade boba do ponto de partida/chegada de um trajeto, que só percebi quando já estava envolvida com o texto, me deixou claro que tinha sido meio que certeiro. E foi!

Close de uma mão segurando uma caneca roxa cheia de café preto, ocupando o lado esquerdo da imagem. À direita, o livro Café Orpheus aparece em destaque. Ao fundo, aparece parte do leque azul e da superfície colorida onde a composição foi montada.

O primeiro ponto que vale marcar sobre essa leitura é que ela é muito rápida, daquelas que você lê de uma sentada sem nem perceber que as páginas estão acabando, mas que cria o clima de imediato, então não é, de forma alguma, superficial. Em poucas linhas você já está dentro da cabeça do Wyatt e de seu coração apertado que tenta recomeçar, mas ainda escuta os ecos de tudo que perdeu. É daqueles meio cinematográficos, sabe, que você consegue criar as cenas na cabeça com facilidade e ir acompanhando mentalmente, adicionando os detalhes que vão sendo fornecidos aqui e ali.

“A maioria das pessoas faz muito esforço pra destruir as melhores coisas, as coisas que valem a pena. Não sabe deixar ser porque ser implica entender que nada se é.”

Wyatt é escritor, o que é sempre bacana de ler quando você (no caso, eu) escreve também. É daqueles que tentam seguir em frente mas esbarram sempre na mesma parede invisível: o relacionamento anterior, que ele nos dá o direito de conhecer bem, acabou sem explicações e deixou nele uma marca fundinha. A autora constrói muito bem essas sensações, do cara ULTRA “emocionado”, apaixonado por se apaixonar, e que vive andando pela cidade com memórias agarradas em si. E quando Ambrose surge, caótico e encantador, não é aquele encontro perfeito, porque, falemos a verdade, isso não existe. É um encontro possível! E talvez seja exatamente por isso que funciona tão bem, o fato de que nada é tão vivo quanto duas pessoas que tropeçam uma na outra e, no tropeço, mexem em coisas que estavam paradas há tempo demais.

Flat lay do livro posicionado levemente inclinado sobre seu pôster com a mesma arte da capa. À esquerda, aparece o leque azul aberto; no canto inferior direito, parte da caneca roxa.

A estrutura do livro é dividida entre passado e presente, sob os nomes de Euridice e Orpheu, o que pros fãs da mitologia greco-romana já é um ponto positivo, acende a luzinha do “Eu entendi a referência!” e deixa claríssimo que a narrativa vai ser profunda como buscar por um amor no submundo… Essa dualidade do “vai e volta” cria uma experiência que lembra um bilboquê, sabe? Como se você tivesse ali, tentando fazer o fio te obedecer até, enfim, a bolinha encaixar no suporte, que é onde os dois tempos se encontram. A tensão subterrânea muito presente vai crescendo meio que sem você perceber, uma coisa meio pisciana, sei lá!

“Então percebi que as histórias são e estão escritas nas estrelinhas, não no que se pode ler ou ver. É como… magia.”

Falando sobre o próprio Café Orpheus em si, senti que ele funciona muito mais que um cenário, é como personagem, mesmo, uma daquelas locações que você enxerga claríssima na cabeça. Ele, pra mim, foi uma combinação da energia dos dois protagonistas, acho que deve ser impossível ler sem querer conhecer e, pelo que conheço da Marianna, era isso mesmo que ela queria ali. A autora está muito presente na obra estilisticamente falando, não tenta te enganar, mas também não entrega tudo… É uma construção, mesmo, bem estruturada e ciente de suas etapas.

Foto aberta do livro revelando a folha de guarda em tons de lilás e rosa com o desenho de uma xícara soltando vapor. À esquerda, há uma dedicatória escrita à mão. Sobre a página, está apoiado um marcador de páginas do livro, com a mesma arte da capa.

O mais marcante, porém, é o final… Que impacto! Quando chegou o plot twist eu senti minha respiração mudar, não esperava de forma alguma por ele. Principalmente porque, por ser um livro muito rápido, e até fácil de ler (o que pra mim é sempre uma boa qualidade), parece não ter mais espaço pra um desfecho ousado, sabe? Mas ele existe, e com isso não falta nada ali. Só sobra vontade de ter um pouco mais, que é a vantagem de saber que a nova edição, que será publicada em breve, será expandida! Estou muito curiosa pra descobrir o que será inserido nessa montanha russa de encontros, perdas, coragem e, acima de tudo, amor!

“Lá estava eu novamente entregando meu coração. Ou o que havia restado dele. Mesmo em frangalhos ainda batia, recuperando a rapidez, enquanto eu ouvia o sangue correndo em minhas veias(…)”

Marianna Moura, anteriormente conhecida sob o pseudônimo de Marianna Roman, é a criadora e CEO da Quimera Produções Literárias e da Mona Editorial. Nascida e criada no Rio de Janeiro/RJ, onde vive e trabalha, é graduada em Publicidade e Propaganda e graduada e licenciada em Letras. Best-seller Amazon, como escritora tem diversos romances e narrativas curtas publicados, em livros solos e coletivos, abrangendo em seu catálogo não somente histórias românticas, mas também ligadas ao suspense, fantasia e terror.

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