Ano passado, no dia 9 de maio, o artista modernista brasileiro Abraham Palatnik faleceu aos 92 anos, vítima do COVID-19 (também conhecido como vírus Corona), no Rio de Janeiro. Grande nome na arte construtivista e abstrata aqui no Brasil, ele é a maior referência nacional em Obras Cinéticas e Aparelhos Cromáticos, onde explora forma, cores e luzes através da união da arte com a tecnologia, criando verdadeiras máquinas embutidas dentro do que parecem inocentes objetos lúdicos. Seu trabalho já rodou grandes centros culturais brasileiros, como o MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, e internacionais, e agora está no CCBB BH – Centro Cultural Branco do Brasil de Belo Horizonte com a mostra “A Reinvenção da Pintura”.
Veja pedacinhos dessa mostra em movimento no vídeo publicado no Instagram Reels!
Abraham Palatnik – A Reinvenção da Pintura é uma amostra grátis, literalmente, de toda uma trajetória multi- artística. Ela começa com obras bastante tradicionais, pinturas e desenhos do início da carreira, com traços delimitados retratando natureza morta, paisagens e, logo na primeira sala, um auto retrato do artista. Para o que não sabem nada sobre a história dele, pode rolar uma primeira impressão bem diferente do que espera pela frente, mas que é importante estar ali, contando sua história. Quem gosta de realmente se informar sobre o que está visitando está bem servido, porque além da linha do tempo de sua vida os dizeres nas paredes dão várias informações, além dos QR codes que levam ao link do folder digital, uma vez que não há distribuição de folders impressos como medida de prevenção nesse período de pandemia.
A variedade da sua produção, porém, começa a aparecer bem rapidinho à medida que novas salas vão sendo exploradas. Há uma simulação do seu ambiente de trabalho, objetos de design criados em meados do séculos XX compõe um cenário com tipos diferentes de mesas e assentos, criações lúdicas que poderiam facilmente ser usadas como brinquedos e uma aparição dos seus famosos Aparelhos Cinecromáticos, onde luzes coloridas se embaçam e movimentam atrás de uma tela. É envolvente ver como ele construiu algo assim cinquenta anos atrás (o que estava lá é datado de 1969), o industrial disfarçado de puramente estético com um toque orgânico. Foi uma pena pra mim não conseguir registrar, o ambiente é escuro pras luzes se destacarem e, por isso, nenhuma foto ou vídeo passa a real mensagem do que é visto. Mas garanto: lindo, lindo, lindo!
Objetos Cinéticos
Agora falando de sua revolução particular de obras tridimensionais, e não somente na pintura que é plana, os Objetos Cinéticos são o destaque da mostra. Os aparelhos são motorizados, coloridos e muito fascinantes, parecem aqueles brinquedos que vemos tradicionalmente nas salas de espera de consultórios pediátricos, mas em escala maior e feitos para admirar, não brincar. Alguns estão fixados na parede, outros enchem a sala realmente como esculturas, você demora para entender que o movimento é mecânico e não eólico e não quer mais sair depois. Poderia ser um material didático fofo, mas é mistura belíssima de áreas que parecem ser opostas, como as artes e exatas, mas que podem se complementar, claramente! Pra deixar a coisa ainda mais legal, existe dentro de um vidro protetor alguns dos projetos dessas obras, com esboços e cálculos originais em papéis já envelhecidos, mas muito bem preservados.
Variedade de materiais e ilusões de ótica
A partir daí, a exploração do orgânicos está presente em todas as obras da visita, seja na impressão passada a quem está as galerias ou mesmo na exploração do material em si, criando quadros de Jacarandá onde não há pintura, usando as cores da própria madeira ao representa-la. Ele também explora ripas de tela e cordas para criar algumas composições em tinta acrílica com bordas elevadas em formas compridas e curvas, metal para que suas linhas em onda e picos tenham brilho próprio e até cria relevos reais, super geográficos, cortando e montando papel cartão. O efeito visual é não só maravilhoso, mas quase difícil de entender, dá super vontade de “botar a mão” mesmo, sabe? Meu lado conservadora-restauradora grita, o apaixonada por artes ignora e segue no desejo (eu uso luvas, juro)!
Série W
Por fim, a série W, que vem de “wood” (madeira, em inglês) cria mais uma vez quadros com baixo e alto relevos que formam linhas em onda e picos, mas dessa vez usando ripas de madeira cortadas a laser e pintadas em diversos tons diferentes. Pessoalmente, a cada nova obra que eu via, ganhava uma favorita para substituir a anterior. No fim das contas, todas merecem o favoritismo mesmo! O efeito é diferente visto de frente ou de ângulos laterais, pede que quem está vendo fique um tempo admirando enquanto se move tentando entender como foi criada a composição e onde começa e termina o uso da cor ou da posição das ripas em si. A tinta acrílica deixa a cor super intensa e ele usa, inclusive, tintas metálicas em alguns casos.
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Sobre o artista:
Abraham Palatnik nasceu em 19 de fevereiro de 1928, em Natal, Rio Grande do Norte. Seus pais eram judeus russos e se mudaram para Israel quando ele tinha 4 anos, onde estudou pintura, desenho, física e mecânica e produziu suas primeiras pinturas. Ao retornar ao Brasil aos 20 anos, foi morar no Rio de Janeiro, onde fez parte do Grupo Frente, de grande nome no movimento construtivista e nas artes plásticas nacionais. Começou a criar suas obras cinéticas e cinecromáticas, unindo suas áreas de estudo e interesse, a partir do final da década de 1940, após um período sem produzir, sendo pioneiro nessas tecnologias. Depois disso, ao explorar novas séries onde usufruía de outros meios de produzir sensações através de relevos de cor, passou a expor dentro e fora do Rio, cada vez mais. Suas obras rodaram os principais museus de arte moderna do mundo, como o MoMA, em Nova York.
Dados gerais:
Abraham Palatnik – A Reinvenção da Pintura está em cartaz no Centro Cultural banco do Brasil, em Belo Horizonte, de 03 de fevereiro a 19 de abril de 2021. O CCBB se encontra na Praça da Liberdade, 450, aberto de quarta a segunda, das 10 às 22h. Como medida de proteção contra o COVID-19, a bilheteria da instituição não está funcionando e os ingressos gratuitos devem ser retirados no site eventim.com.br com tolerância de 15 minutos após o horário selecionado. É obrigatório o uso de máscara de proteção dentro das dependências do museu, além da medição de temperatura na entrada e distância entre visitantes determinada por sinalização presente no chão. o Serviço de guarda volumes está suspenso e não é permitida entrada com mochilas e malas, apenas bolsas de porte menor. A instituição disponibiliza dispensadores de álcool em gel em todos os andares do prédio.
Thais Gama
Nossa, me senti vizitando uma exposição dele.
Dá muita vontade de tocar em tudo mesmo, brincar com as coisas tudo, entender como funciona e até ter em casa.
Uma pena termos perdido um artista como ele para o Covid.
Vou ficar de olho para quando voltar para SP, e estivermos liberados, ir ver a exposição.
A série W foi minha preferida kkkk
Emerson
Gostei muito do trabalho desse artista. Ele é criativo. Incrível como a gente teve que reinventar e adaptar muitas coisas durante essa pandemia né?
Obrigado pelo comentário no meu blog. Estarei por aqui agora. Esteja à vontade para continuar visitando o meu espaço.
Boa semana!
O JOVEM JORNALISTA voltou do Hiatus de verão cheio de novidades e posts novos!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Váh
Caramba que demais!
Eu não conhecia esse artista e adorei saber mais, uma grande pena que ele se foi 🙁
Gosto muito de ir em exposições e museus assim, aliás saudades de passeios assim…
Ah, já estou seguindo seu blog, fazia muitoo tempo que eu não vinha aqui!
https://www.heyimwiththeband.com.br/
Paulo Daniel
Suas postagens são ótimas, estou seguindo seu blog e curtindo bastante!! Parabéns!
Meu Blog: Resultado Lotofácil
Fernanda Akemi
Que trabalho lindo!! Eu fiquei encantada e a vontade que dá é de poder tocar, saber como é. Imagino poder ver de forma presente.
Senti vontade de conhecer mais do artista e visitar alguma exposição. Adorei demais! bjs
Darlene Regina Faria
Uau! Que trabalho incrível! Uma pena que o corona tenha levado mais esse artista fantástico.
Me senti mergulhada na exposição dele. Parabéns pelo post (E pelos 17 anos de blog)
Vitória Bruscato
AMEI! Fui no seu instagram para ver o objeto cinético em movimento, e achei demais.
Adoro obras que trabalham a ilusão óptica, são tudo!
Uma pena que ele tenha falecido pela Covid 🙁 eu não conhecia o artista, foi super legal saber mais sobre ele aqui.
Isabelle Brum
Nossa, essa exposição deve estar mesmo deslumbrante! Pelas fotos e todo o post, deu pra sentir um gostinho dela (obrigada por compartilhar <3); e CCBB arrasando como sempre nas escolhas de exposições (saudades de visitar o daqui do RJ)
Abraços e boa semana
Paula
Simplesmente, adorei!
Senti-me visitando o CCBB de BH novamente. 😀
Amante que sou de museus e exposições, devo dizer que foi um deleite ler este post com fotos, biografia e detalhes das obras.
Não consegui escolher uma obra favorita, mas duas que me chamaram muita atenção foram o objeto cinético e o cartão cortado.
Posso dizer que adoro artistas que navegam por diferentes ondas da arte.
Malu Silva
Que grande perda a morte deste artista! Amei demais os trabalhos dele, todas as cores e texturas… Mesmo vendo através de uma tela, consegui sentir com intensidade a dedicação que ele coloca em cada peça.