Desde muito pequena meu maior medo de todos é o fogo, e o fato de ser ansiosa tornou minha relação com ele difícil pra valer. Teve uma vez que minha tia tava queimando não-sei-o-que na entrada da casa da minha avó e eu dei meia volta para sair pela outra porta que ninguém usava, só pra não passar por ali. Antes disso rolou também uma reunião num Centro Espírita que fui com minha mãe e o moço que “liderava” esse grupo (não entendo tanto desse assunto para saber nomes, me desculpem) disse que a gente ia liberar ali nossos maiores medos… Eu nem sabia direito o que estava acontecendo, nem prestei atenção, mas comecei a reclamar que tinha alguma coisa queimando quase instantaneamente, mesmo que não tivesse.
Rolou também uma vez que fui acender o pisca-pisca da árvore de natal da minha casa, ele explodiu na minha mão e fiquei sem ter coragem de ligar tomadas por anos. Demora em adquirir habilidade para acender isqueiros e fósforos, pavor da hora do “parabéns pra você”, por aí vai… São várias histórias envolvendo essa mesma coisa, então quando falam sobre relacionar sensações com cheiros, eu relaciono a ansiedade com cheiro de queimado. Ela também é um medo constante que enfrento nessa vida, tão forte quanto assistir qualquer coisa em combustão, porque a ansiedade queima.
É meio louco que algo que faz parte de mim e não posso controlar seja associado ao “aroma” que mais me causa temor, mas é verdade.
A sensação que tenho quando a coisa “ataca” é que nem a de uma chama mesmo, mas não a chama confortável que fica nas lareiras e fogueiras que usamos pra nos manter aquecidos no frio, ou a que fica protegida pelas grades do fogão e logo vai trazer algo com pra comer. Não, não se parece nada com isso! É como se você entrasse direto num incêndio sem perceber, sem que alguém tenha te alertado do que tinha ali e, de repente, não conseguisse sair. Sua pele e/ou entranhas gritam com a ardência que você não pode combater, falta ar para conseguir proferir gritos de socorro pedindo ajuda, vai te consumindo até que você vire um mero montinho de cinzas que qualquer ventinho pode desmembrar e levar pra longe. Dói. Incomoda. Flameja. Às vezes destrói.
A sorte é que, vez ou outra, aparecem “pessoas porta fogo” com o extintor certo que a gente precisa pra colocar em ordem esse abrasamento descontrolado!
Esse post foi inspirado nas propostas #9 e #33 do Creative Writing Prompts, que oferece mais de trezentas ideias legais para desenvolver sua escrita criativa. É o 14º entre os 25 que me propus a escrever até outubro de 2018.
Sté Maciel
Ótima reflexão, Luly!
mariasabetudo ?
Nathália // Fashion Jacket
Muito bom o post. Que complicado isso deve ser ne?
Beijinhos
n. // http://www.fashionjacket.com.br