Outro dia peguei uma escada para guardar umas coisas no alto do guarda roupas, onde deixo artigos científicos, cadernos da faculdade e diários antigos, quando dei de cara com meu CD-rom Maquiagem Virtual da Barbie. Não era realmente o surpresa que ele estava ali, porque tem um cantinho dos CDs no espaço, mas nesse dia em especial perdi pelo menos um minuto admirando a capa até fechar a porta do maleiro com ele na mão, decidida a tentar instala-lo (enfase no TENTAR) no meu computador. Até pensei que não daria certo, porque foi feito para Windows 95 e 98, mas lá no fundo meu otimismo falou mais alto e torci pra conseguir. Cá entre nós, pensando nisso mais a fundo enquanto escrevo esse post, me questiono POR QUE não tinha feito o mesmo em nenhum momento dos últimos 15 anos em que passamos separados, o jogo e eu.
Maquiagem Virtual da Barbie foi um jogo lançado em 1999 pela Mattel, um dos cinco de uma linha específica de jogos digitais para meninas da boneca mais famosa do mundo. Eu ganhei de presente de aniversário da minha madrinha aos 11 anos e nessa época o computador que a gente tinha era o do consultório dos meus pais, que são dentistas, às vezes eles levavam lá pra casa e em outras me deixavam brincar enquanto trabalhavam. Até então eu só tinha 2 joguinhos do tipo, um do Corcunda de Notre-Dame que ganhei junto com a fita do filme (até hoje meu favorito) e outro educativo, dado pela escola, que rodava muito mal então não gostava muito. De repente ali estava, uma opção de uma das minhas personagens favoritas, minha companhia diária das brincadeiras que eu não queria de jeito nenhum deixar pra trás ainda. Fiquei enlouquecida de alegria!
Pois bem, abri alguns artigos sobre como rodar jogos em Modo de Compatibilidade e tudo mais, mas antes de ler pensei em dar a louca e simplesmente enfiar o CD no leitor, apostando na improbabilidade de a reprodução automática funcionar… Improvável, mas real! Na mesma hora uma janelinha abriu com uma faixa de progresso branca se colorindo de rosa enquanto ia de 0 a 100%. Meu coração até tremeu, juro! Me senti uma pré adolescente de novo. Enquanto fechava os artigos abertos e deixava a instalação fluir, pesquisei por gameplays no YouTube e não achei nada relevante. Era oficial: o destino me deu a missão de produzi-las pro meu próprio canal e ter esse registro do início dos anos 2000 pra mim e pra todo mundo que também viveu a mesma coisa. Meu jogo favorito de pré-adolescência se tornou um alento inesperado da “adultice” pandêmica.
Ainda agora, aos 30 anos, gosto MUITO da Barbie, tanto como personagem/item de coleção quanto com a mensagem do “seja o que você quiser”, cada vez mais forte com novos modelos inclusivos e afins, mas naquela época esse jogo significou viver ao lado dela uma experiência que não viria com julgamento no pacote. Minhas amigas estavam começando a deixar de gostar de brincar com as bonecas, enquanto eu amava, mas algumas pessoas concordavam que devia deixar também… De repente, ali estava, uma alternativa que agradava a todas essas pessoas e a mim mais do que qualquer uma delas. Fora que, entre as opções existentes, o escolhido foi justamente o de maquiagem, que eu já dava indícios de que iria gostar um dia com meus batons vermelhos com gosto de morango da Avon e glitter nos olhos em dia de coral… Mal sabia o que estava por vir!
A maquiagem é, hoje, a única coisa que amo, muito, e não transformei em trabalho. Todas as outras já viraram isso também, seja de forma mais ativa ou através da produção de conteúdo. Até já ensaiei produzir sobre aqui e ali, e várias amigas que foram maquiadas por mim me perguntam por que não invisto, dentro e fora da internet. A resposta simples e sincera é que PRECISO de algo que seja puro prazer. Não posso “estragar”, entre muitas aspas, isso também transformando em obrigação. Até QUERIA falar mais sobre, uma vez que falo da minha vida toda, mas pensando na necessidade de tender pra produção mais nichada algo vai ter que ficar de fora, e foi ela que ficou. E agora, com essas gameplays, posso suprir essa vontade e falar de maquiagem ao lado de uma melhor amiga de infância que mesmo inanimada nunca me abandonou, e nunca vai!
Obrigada, Barbie, por mais uma vez me ajudar a ser TUDO o que eu quero ser!