Acho que sou a ÚNICA pessoa que lembra dessa propaganda da Laranja Santal da Parmalat em que eles diziam que virar o suco deles, para a laranja, era passar no vestibular e aí vinha essa música: “Passei no vestibular, sou a rainha do pomar (…) Bom é ser Laranja Santal-tal-tal!!”. Eu NUNCA ESQUECI ISSO! Ficou na minha cabeça até que entre o fim de 2007 e o início de 2008 eu tinha virado uma “humana Santal”: PASSEI NO VESTIBULAR! Aêêêê \o/
Passei em Design Gráfico! Passei na Fumec em 20º e na Uni em 2º no vestibular de vagas “sobrando”. Ganhei minha Lamy da minha madrinha (e da Livinha), tava toda alegre me sentindo futura-designer. Mas não passei na UEMG, que era meu sonho dourado de consumo. Fiquei abalada, olhando meu comprovante de matrícula da Fumec com peso no coração (e no bolso do papai). Eu tava feliz, ia estudar o que eu queria, mas teria que fazer meus pais, que desembolsaram uma pequena fortuna para me dar um Ensino Médio em escolas particulares – ainda que com bolsa -, pagassem pela minha educação de novo.
Aí veio o resultado da 1ª etapa da UFMG. O tal curso era Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis. Peraí, como é que é? Restauração de Móveis e Imóveis? NÃO! Calma, gente, vou falar de novo… Presta atenção: é Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis.
Aaaaaaaaaaaaaaaah… Mas de onde essa menina tirou isso mesmo?
Ah, sim. Do jornal que avisava que dois anos depois ela poderia mudar de curso e fazer o design que ela queria. Sim, POR ISSO. Não que o jornal tivesse isso escrito, mas saber que em 2010 a UFMG abriria uma turma de Design me fez querer entrar lá. E como uma luva me cai a inscrição num curso bem bacana que tinha aberto o edital depois dos outros. Era o plano ideal.
As provas de 2ª Etapa foram uma tortura. Saber que eu não precisava estar lá se tivesse passado na UEMG fazia com que eu me sentisse muito derrotada. Eu observava aquelas pessoas sentindo que estava roubando a vaga de uma delas. Eu escrevia o que sabia que era certo, porque sou arrogante o suficiente pra não falhar de propósito, mas no fundo eu sabia que queria que aquilo não fosse o suficiente pra encantar os avaliadores.
Mas foi. Eu nunca vou esquecer. Era 25 de janeiro de 2008. Dia do resultado. Aconteceu de manhã cedo e foi exatamente assim:
Mamãe, usando meu computador: “Luly, você ficou em 2º da Uni, agora temos que ver se vão chamar.”
Luly: *meio dormindo* “Tá…”
Mamãe: “Luly, qual o site do vestibular da UFMG?”
Luly: “co-pe-ve-ponto-U-F-M…”
Mamãe: “Entrou!!
…
Luly…
SAIU O RESULTADO!!”
*clique aqui para ver os aprovados blá-blá-blá*
*carregando* *falha* *F5* *carregando* *falha* *F5* *carregando* *falha* *F5*…
CARREGOU!!
Mamãe: “Luly…”
Luly, já de pé e olhando pra tela: =O
Meu nome estava lá. Em 15º lugar. A mamãe pegou o telefone e ligou pro papai, pra vovó, pras minhas tias, pros meus tios, pros amigos. Me mandou ligar pras minhas amigas que tinham passado. Pras outras amigas. Pro Gugui que deu um BERRO de alegria no telefone. E eu só pensei uma coisa: “QUE DROGA!!!”.
A Amiguinha foi lá em casa, rolou trote com batom LINDO, a gente riu até e depois saímos pra tomar sorvete. Meus primos tiveram a honra do trote também, com canetinha e tudo mais. Papai disse que me daria um presente. Mamãe me prometeu a Princesa Luciana. Todo mundo morrendo de alegria, querendo até fazer festa e churrasco. E eu só conseguia pensar: “QUE DROGA!!!”.
Não que eles não me deram a escolha. Eu pude escolher. Eles sentaram comigo e me garantiram que fariam de tudo que pudessem para que eu me formasse na Fumec, se quisesse. Mas eu via naqueles olharem o orgulhinho de ver a filha estudando na Federal, na Federal onde eles tinham estudado. Eu via o sonho de me ver lá que eles tinham desde que eu nasci se tornando realidade. Eu vi o sacrifício absurdo que eles não podiam fazer em nome daquela mensalidade que me daria o diploma, até então, “dos sonhos”. Eu vi a imagem de cada um dos meus professores e colegas do colégio me reencontrando em breve e me dando um “parabéns” alegre. Eu vi que aquilo que eu não queria, nunca quis, poderia ser bom pra mim. E aí eu fui pra UFMG. Eu escolhi estudar a tal Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis. Escolhi entrar pra o curso que eu gostava, mas não queria. Escolhi mudar pra design dois anos depois – ó, ilusão. Escolhi dar essa alegria pro papai e pra mamãe que tinham vivido 17 anos pra ME dar alegrias.
Aí eu esbocei um sorriso, entrei no MSN e escrevi na Mensagem Pessoal:
“Passei no vestibular, sou a rainha do pomar”.

Esse post é o primeiro de uma série de posts nostálgicos sobre meus 5 anos como universitária. Esses 5 anos acabam no fim de 2012 e só Deus sabe o que vai acontecer depois. Então vale a pena lembrar, porque é com o fim se aproximando que a gente lembra como era bom o início, como foi bom o trajeto!!
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