No final de fevereiro o Facebook me lembrou que fazia 13 anos desde meu primeiro dia de aula na UFMG, minha reação imediata foi correr nos arquivos aqui do blog, que já existia desde muito antes disso, e ler o post que fiz na época, contando como foi. Minha memória é muito boa, consigo lembrar de tudo com detalhes, mas faço isso com o olhar que tenho hoje das coisas, sabe? Não era isso que eu queria! Queria saber o que aquela outra pessoa que eu era estava pensando, sentindo, vivendo! Queria aquele ponto de vista porque, no fim das contas, é ele que importa e que vai me dar uma visão real do que aconteceu. Então lá fui eu, mergulhar em mim mesma, com os erros de digitação, plakinha comemorativa feita exatamente pra esse momento e a ilusão de que o auge da maturidade tinha chegado.
Esse resgate da memória é a melhor parte de ter o blog ao meu lado por quase 17 anos. Tento ser modesta e fingir que não, mas tenho um orgulho danado de estar aqui há tanto tempo no mesmo “lugar”. Quando vejo alguém comemorando o aniversário do próprio blog fico me segurando pra não soltar “O MEU FAZ 17 EM JUNHO, ACREDITA?” porque, cá entre nós, é um saco celebrar algo e outra pessoa vir contando vantagem em cima disso… Tento evitar e às vezes até consigo, mas internamente feliz em também persistir num amor que faz parte da minha história, mas mais do que isso feliz em ter essa história contada por mim mesma, pra ler e ser lida por quem quiser. Se dependesse de mim estaria no mesmo blog desde a criação do primeiro, alguns meses antes, só pra esse arquivo ser ainda mais vasto…
Mas aí eu me pergunto: será que tô deixando a possibilidade do meu eu futuro ter essa mesma experiência em relação a quem sou no presente? Porque é claro que, com o tempo, as coisas por aqui foram mudando, deixou de ser só sobre mim e passou a ser sobre as coisas que estão ao meu redor. Tenho alguns textos autorais sobre sentimentos vividos (a série Inclusive, Saudades, por exemplo, é feita de um turbilhão deles) mas ainda assim… Não é a mesma coisa. Quero realmente registro real, pessoal, do sério e do bobo, do íntimo e do público. E tô perdendo, porque nem nas minhas redes sociais isso acontece mais, com minha preguiça de fazer vlogs semanais (preciso voltar!), introdução de conteúdo ao Instagram e dominação de indignação política na linha do tempo do Twitter.
De verdade, não acho que nenhuma dessas coisas seja ruim, e todas elas compõe a minha vida, sim. AMO produzir conteúdo e queria, de verdade, poder me dedicar exclusivamente a isso quando o assunto é meios de pagar as contas. Hoje entendo que meu maior sonho sempre foi, sempre vai ser, trabalhar com o que crio na internet, não vou parar de fazer em nenhum lugar, nem mesmo aqui. Ainda mais agora, que cheguei no ponto de entender qual conteúdo realmente me faz bem e tem qualidade de verdade pra quem consome… Mas por que não intercalar isso com o pessoal? Contar como foi publicar meu primeiro livro, escrever minha monografia de pós graduação, viver numa fucking PANDEMIA MUNDIAL, coisas que marcaram os últimos anos e que estou deixando passar sem motivo algum, porque vontade de escrever sobre, cara, eu tenho e de sobra. Só falta por em prática.
Então, em meio a essa Nova Era de me fazer feliz com os conteúdo que crio, vou me permitir mesclar com a Velha Era paralela através do resgate da minha possibilidade de resgatar a memória de hoje no futuro. Não sei quando, onde ou como, e talvez esse post já seja tudo isso, mas sei que VOU. Enquanto, sempre, fizer sentido pra mim, seguirei assim, mantendo esse blog como o que sempre foi, um blog pessoal, mas agora (também) sobre todas as artes que meu cérebro processa em forma de posts enquanto consumo, um vício adquirido em todo esse tempo do qual não quero me reabilitar.
