Soul

Soul

Soul *****
Soul: poster do filmes onde o título se encontra no alto, ao fundo, sendo a letra O um grande círculo luminoso de onde sai uma escada em forma de teclas de piano. Nos degraus de baixo se encontra Joa, protagonista da história, e seu gato. Sobre a letra L está Joe em sua forma de alma e a aprendiz 22, também na mesma forma. Elenco: Jamie Foxx, Tina Fey, Angela Bassett, Phylicia Rashad, Ahmir-Khalib, Alice Braga, Daveed Diggs, Graham Norton, June Squibb, Rachel House, Richard Ayoade,Wes Studi (dublagem original)
Direção: Pete Docter
Gênero: Animação
Duração: 100 min
Ano: 2020
Classificação: Livre
Sinopse: “Joe Gardner é um professor de música de ensino fundamental desanimado por não conseguir alcançar seu sonho de tocar no lendário clube de jazz The Blue Note, em Nova York. Quando um acidente o transporta para fora do seu corpo, fazendo com que ele exista em outra realidade na forma de sua alma, ele se vê forçado a embarcar em uma aventura ao lado da alma de uma criança que ainda está aprendendo sobre si, para aprender o que é necessário para retomar sua vida.” Fonte: Filmow.

Comentários: Vencedor do Oscar de Melhor Filme de Animação e Melhor Trilha Sonora no Oscar 2021, além de ter sido indicado também para Melhor Som, Soul foi o lançamento lançamento da Pixar para o segundo semestre de 2020, com estreia na plataforma Disney+ no Natal. Seu protagonista é Joe Gardner, um professor de música que sempre sonhou ser pianista profissional de jazz. No dia que o músico tem sua grande chance de “chegar lá”, porém, sofre um acidente e morre, sendo encaminhado para uma “existência posterior”. Se recusando a perder o auge de sua vida, Joe tenta encontrar um modo de retornar à Terra, e é através de 22, uma alma ainda não nascida que se recusa a encarnar, que ele enxerga sua chance, tentando ajuda-la a se encontrar enquanto, na verdade, só quer voltar para seu corpo e as maravilhas que o aguardariam nele.

Através do típico “jeitinho Pixar” de encantar crianças e adultos ao mesmo tempo com temática densas apresentadas de forma divertida, o longa fala de vida, morte e do nosso suposto “propósito” no trajeto entre as duas, tudo isso com referências culturais e históricas e uma trilha sonora que é, definitivamente, seu ponto alto. Depois de ter passado um tempo estudando o Renascimento do Harlem ano passado, fiquei feliz em assistir um filme sobre jazz com um protagonista negro em cenário contemporâneo, quase 100 anos depois do auge do movimento, mostrando o quanto esse estilo segue ligado à população afro-americana e valorizando essa ligação. Por outro lado, não consigo deixar de problematizar que mais uma vez, assim como Tiana em “A Princesa e o Sapo”, ele passa a maior parte do tempo fora desse corpo representativo, mesmo que sua imagem esteja presente, reduzindo levemente esse protagonismo, infelizmente.

Soul: Imagem dos personagens 11 e Joe em forma de alma, duas criaturas de cor clara azulada. Atrás deles há um display com vários tipos de comida e Joe oferece uma fatia de pizza a 22, sorridente, que o olha de forma descrente.

Soul: Imagem via What’s After the Credits.

Depois da trilha sonora e dessa relação da mesma com uma minoria que ainda está ganhando espaço na cultura pop, outro destaque é o carisma das personagens. 22 é uma mistura da travessura e inocência infantil com o “peso” da maturidade, de forma difícil de explicar, mas identificável em vários pontos, o que junto com seu visual “fofinho” acaba gerando muita empatia do público em relação à mesma, que já ganhou seu próprio curta metragem no serviço de streaming. O próprio Joe causa esse afeto como personagem, fazendo com que a gente torça MUITO por ele, o tempo todo, querendo voltar pro início e impedir sua morte, pra começo do conversa. O núcleo secundário também é fascinante, principalmente os amigos e familiares dele na Terra, bem mais gostosos de acompanhar do que a parte no “Além”, que achei meio maçante, apesar das mensagens bacanas que passa.

Leia também: Resenha do filme Os 7 de Chicago.

Em resumo, o filme tinha “a faca e o queijo na mão” para ser genial, mas, como ponto negativo, faltou coragem por parte dos roteiristas de fazer um final um pouquinho mais ousado, tirando o estigma da morte como fracasso como fizeram em outras produções do estúdio. Por outro lado, ele não ultrapassa a linha tênue entre a positividade saudável e a tóxica, repensando nosso modo de buscar objetivos sem forçar um “papo de coach” que mais atrapalha do que ajuda. Eu resumiria esse recado não com palavras minhas palavras, mas com as de John Lennon: “vida é o que acontece com você enquanto está ocupado fazendo outros planos”¹. Nem sempre temos a chance de aprender isso ainda aqui e, depois, não tem como voltar, então que vivamos o agora não sem planos, mas também além deles.

Trailer:

¹ John Lennon. Beautiful Boy (Darling Boy). Double Fantasy. Nova York: The Hit Factory, 1980. Faixa 7, Lado A.

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  • Raquel

    Sou louca pra assistir! Pena que não é tãooo bom, mesmo assim, sempre são fofas as animações da Pixar :3

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  • Adriel

    oiee!

    enquanto lia sua resenha, o tempo inteiro me vinha a mente “Coco: a vida é uma festa”. essa animação de 2017 é muito massa, pq quebra muitas ideias sobre morte, caveiras… aborda de forma bem interessante como os mexicanos “comemoram” as coisas por lá.

    eu ainda não vi “Soul”, mas ele tá na minha lista. vou vê-lo sem expectativas pra não me frustrar. 😀

    2bj!

    Não me venha com desculpas – Adriel Christian

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    • Luly Lage

      Pois é ,migo, eu acho a visão sobre a morte que tá em Viva! tão maravilhosa, talvez por isso tive dificuldade de aceitar a visão que Soul trouxe. Ainda assim é bom ter um filme valorizando especificamente a vida também, né? Ele é bem fofo, você vai gostar!

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